Investir em dólar: veja 4 formas de começar
Se você vem acompanhando os noticiários de economia nos últimos meses, mas ainda não está muito familiarizado com os gatilhos do mundo dos investimentos, certamente se espantou com a enorme volatilidade do dólar no mercado (bem como com sua íntima relação com os fatos políticos do país). Então, pode ser que tenha passado pela sua cabeça investir em dólar. Mas você sabe se vale a pena?
Em 2018, ano de acirrada campanha eleitoral no país, o dólar valorizou 17%, muito em função do nervosismo dos investidores, que em momentos de instabilidade político-econômica, refugiam-se nessa moeda estrangeira.
Menos de 5 meses depois, ao contrário do esperado, o aumento na cotação já havia acumulado mais 5%. Trata-se de um ótimo resultado para quem comprou dólar no ano, mas ainda inferior a alguns movimentos vistos nos últimos anos, como em 2015, quando o dólar subiu assustadores 48% em 12 meses.
Mas quando vale a pena investir em dólar? O que faz o dólar subir ou cair? Como começar a investir? Ou, antes de tudo isso, qual a diferença entre dólar comercial, turismo, paralelo e futuro? Se você quer se tornar um profundo conhecedor desse investimento, o primeiro passo está na leitura deste artigo!
Como funciona a cotação do dólar?
A cotação do dólar é fruto da disputa entre oferta e procura. Quando há mais gente querendo vender dólar do que comprar, o preço da divisa norte-americana cai. No lado oposto, quando há excesso de pessoas querendo comprar, o valor do dólar sobe.
Vale lembrar que, em algumas situações, o Banco Central faz intervenções no câmbio (comprando ou vendendo dólares), no intuito de reduzir a volatilidade da moeda norte-americana, evitando que ela fique muito cara ou barata demais.
Quais são os tipos de dólar e quais as diferenças entre eles?
Dólar comercial
O dólar comercial é usado, basicamente, para definir as taxas das transações financeiras não ligadas ao turismo.
Estamos falando de importações, exportações e grandes volumes de negócios entre governos, por exemplo. São negociações de milhões ou bilhões de dólares que não envolvem a transação de dinheiro em espécie (como no caso do dólar turismo). As bolsas de valores também operam pela cotação comercial.
Dólar turismo
Já o dólar turismo é aquele que você usa quando vai viajar, não sendo o ideal para investir. Essa cotação referencia o preço das passagens aéreas, a conversão em moeda nacional de compras no cartão de crédito realizadas no exterior, bem como o preço do papel-moeda (ou cartão pré-pago/travellers checks) que você compra em uma casa de câmbio.
Dólar paralelo
Esse é o chamado “dólar pirata”, usado, por exemplo, por doleiros que emprestam dinheiro fora dos olhares do Banco Central. Trata-se de um mercado não-oficial, com transações feitas de maneira clandestina que, como você pode imaginar, está sujeito às penalidades da lei.
Sua presença no mercado se tornou mais comum nos anos 1980/1990, períodos de extrema crise econômica, inflação descontrolada e risco de intervenções políticas “pouco ortodoxas” no patrimônio dos cidadãos, como confisco da caderneta de poupança.
O caos nacional nessa época estimulava muitos brasileiros a comprar dólares no mercado clandestino para proteger patrimônio.
Atualmente, entretanto, com o rigor da regulamentação vigente e as inúmeras formas legais de proteção de capital, é preciso evitar investir em dólar à margem do oficializado pelo Banco Central para evitar sanções e fraudes.
Dólar futuro
O dólar futuro não é uma moeda propriamente dita. Trata-se da negociação de contratos de compra e venda da moeda com base em uma cotação estimada com antecedência. Esses contratos são negociados pela B3 (fusão da BM&FBovespa e a CETIP) e padronizados de acordo com suas datas de vencimento.
Por que o dólar turismo é mais caro do que o comercial?
Você já deve ter percebido que a diferença entre o dólar comercial e o turismo é sempre em torno de R$0,20. Mas por que o dólar turismo é mais caro? Saber a resposta é fundamental em sua decisão de investir em dólar.
A razão para a diferença de preço entre dólar comercial e turismo é muito simples: as operadoras de viagem, companhias aéreas e, principalmente, casas de câmbio, embutem os custos administrativos de lidar com dólar em espécie para consolidar suas transações com os clientes.
Nesses custos estão, por exemplo (no caso das corretoras de câmbio), as despesas com transporte de papel-moeda, segurança, manutenção de dinheiro vivo em cofre, locação de espaço físico (loja), pagamento de funcionários etc. Nesse cenário, há ainda o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Fora esses adicionais, a empresa acrescenta também sua margem de lucro. Isso explica o motivo de você entrar agora em sites agregadores de cotação de dólar turismo e encontrar um patamar mínimo de quase R$ 0,20 a mais do que no dólar comercial.
Além disso, não é desprezível a variável “volume de negócios”. Não há como ignorar que o montante diário de transações feito por operadoras de viagem e casas de câmbio é bem menor do que o realizado por governos e multinacionais nas importações e exportações, o que reduz significativamente o poder de negociação para diminuir o custo da moeda junto ao cliente final.
Você já deve ter percebido, assim, que a compra de moeda em espécie não é exatamente a melhor forma de investir em dólar, justamente porque você vai pagar custos administrativos que não serão incorporados em seu preço de venda.
Quais são então as melhores formas de investir em dólar?
Se a compra de papel-moeda não é a forma mais estratégica de lucrar com dólar, qual a melhor maneira? As 4 principais são:
1. Fundos cambiais
Os fundos cambiais são investimentos que reservam, no mínimo, 80% do capital para investimentos em títulos ligados à variação de moedas estrangeiras ou taxas de juros (o chamado “cupom cambial”).
Os fundos destinados a quem quer investir em dólar são os mais solicitados, sendo mais indicados a quem tem perfil arrojado.
O principal objetivo desse investimento é manter o poder de compra em moeda estrangeira, seja para fazer uma viagem, adquirir um imóvel no exterior, pagar dívidas em outras moedas ou simplesmente proteger seu capital dos solavancos da economia nacional.
2. Fundos multimercados
Há ainda outro fundo de investimento que tem a moeda estrangeira em seu portfólio: são os fundos multimercados, fundos que têm como alvo aportar recursos livremente em diversos mercados, como renda fixa, câmbio e ações.
Se os fundos cambiais podem parecer muito arriscados para você, os multimercados combinam muitas modalidades de aplicações, sempre buscando uma proporção que concilie bem a relação risco x retorno.
Esses fundos deslocam os investimentos para diferentes estratégias a depender do andamento da economia, o que aumenta significativamente a chance de êxito. São mais indicados a investidores de perfil moderado a arrojado (e que querem balancear o risco do investimento em dólar com ativos de menor risco).
3. Dólar futuro
Nessa modalidade, por meio da B3, você pode negociar contratos cheios (5 contratos, cada um de US$50 mil, totalizando US$250 mil) ou minicontratos (20% do contrato cheio, ou seja, US$10 mil).
O objetivo é a compra e venda de dólar para uma data de vencimento futuro, com base em um preço fixado no momento da compra. É voltado a quem tem perfil arrojado e experiência no mercado, tendo em vista a volatilidade e os valores envolvidos.
4. Forex
Acrônimo para Foreign Exchange Market, o mercado Forex é um dos maiores do mundo, e segue lógica semelhante a da negociação de dólar futuro na B3.
Trata-se de um mercado mundial, envolvendo, em geral, a compra de uma moeda e a venda simultânea de outra — por exemplo, compra de dólar e venda de yuan (USD/CNY). O investidor é remunerado, portanto, pela diferença positiva entre a valorização das moedas.
Diferentemente dos mercados futuros nacionais, o Forex funciona 24 horas, não é regulado por nenhum Banco Central e tem maior liquidez (em função da imensa quantidade de pessoas transacionando simultaneamente).
Os riscos, no entanto, são muito elevados e exige-se extrema expertise no tema (o risco alto faz com que muitos investidores façam apenas operações de curtíssimo prazo, os chamados day trades).
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