Sintomas de compulsão por compras: conheça 6 deles
Comprar compulsivamente é uma doença? Quais são os sintomas de compulsão por compras? Existe algum tratamento? Essas são dúvidas comuns vindas de pessoas que enfrentam um desejo crônico e repetitivo de consumir.
A dificuldade de lidar com o próprio dinheiro, a incapacidade de poupar e o endividamento permanente são, em geral, consequências da ausência de um planejamento financeiro. Em alguns casos, entretanto, esses traços podem ser indícios de um grave problema de saúde.
O Transtorno do Comprar Compulsivo (TCC) é uma síndrome psiquiátrica que foi diagnosticada pela primeira vez no início do século XX. Também conhecida por “oniomania”, a patologia é responsável pelo giro de mais de US$ 4 bilhões na América do Norte.
O comprador compulsivo ocupa muitas horas semanais rodando as vitrines das lojas, pagando por produtos que não vai usar ou, no mínimo, pensando freneticamente no prazer da obtenção de bens. E, nessa rotina, não encontra uma forma de parar de comprar.
A seriedade do problema é tanta que, segundo depoimentos, a experiência de comprar chega muitas vezes a ser relacionada à satisfação sexual.
Além disso, pesquisas clínicas demonstram que entre 80% e 94% dos compradores compulsivos são mulheres — o que não significa que os homens estejam ilesos dessa disfunção típica da nossa sociedade de consumo.
Você se identifica com esse quadro? Ficou curioso para conhecer mais sobre a síndrome? Para entender melhor como parar de comprar compulsivamente continue com a leitura do nosso post!
Conheça os 6 sintomas de compulsão por compras
O limite entre gostar de consumir e ter “oniomania”
Para conseguir parar de comprar compulsivamente, é preciso saber diferenciar satisfação natural de comprar e compulsão por compras.
Estudos mostram que existe, de fato, prazer em adquirir bens que preencham nossas necessidades ou sonhos em função da liberação de endorfina. Esse sentimento é normal desde que esteja dentro de um juízo mínimo de realidade.
Na compulsão por compras, por outro lado, a aquisição não gera esse bem-estar de forma saudável. Trata-se apenas de um ímpeto desenfreado de posse, sem qualquer objetivo real e que, geralmente, é seguido de sentimento de culpa.
Essa obsessão consumista resulta em uma verdadeira bola de neve de problemas. Começa, evidentemente, com a destruição das finanças pessoais do indivíduo, seguida de desequilíbrios em diversos âmbitos da sua vida, como familiar e profissional.
Ela costuma vir atrelada a outras doenças e pode associar-se facilmente a dependências, como a de jogos ou comida. A relação entre saúde mental e finanças é, portanto, bastante próxima.
Os sintomas do Transtorno do Comprar Compulsivo (TCC)
Como dissemos acima, indivíduos irresponsáveis no manuseio de seu dinheiro não são necessariamente compulsivos. A compulsão envolve sintomas contínuos e mais profundos, que paralisam a vida de quem sofre da doença e o retira do convívio social — dado que a pessoa passa quase a totalidade de seu tempo idealizando o consumo ou comprando, efetivamente.
Entretanto, nem sempre um comprador compulsivo se reconhece como tal, pois não identifica seus próprios sintomas. Confira os principais indicativos desse distúrbio.
1. Descontrole financeiro durante as compras
Há pesquisas que sinalizam que a compulsão por compras atinge 3% dos brasileiros. E um dos sintomas mais comuns é também uma consequência do ímpeto desenfreado do consumo: a demolição completa de sua vida financeira.
Em uma era de apelo exagerado ao “ter”, são diversos os meios que um obsessivo por compras pode usar para se enrolar financeiramente, seja pagando o mínimo do cartão (298,6% de juros ao ano), aderindo ao cheque especial (322,2% de juros ao ano), contratando crediários etc.
São muitas as armadilhas de crédito oferecidas pelo sistema financeiro. Há alguns devedores que, no desespero em conseguir mais crédito para continuar consumindo, realizam até mesmo empréstimos com garantia de imóvel, ocasionando a perda do bem.
2. Hábito de comprar escondido de familiares
O comprador compulsivo não tarda a mentir, comprar escondido e ocultar objetos pela casa. O receio da censura e a necessidade permanente de adotar uma postura que se sabe ser socialmente reprovável explicam esse comportamento.
3. Desejo insaciável ligado ao consumo
A pessoa compra sapatos que nem sequer servem, compra roupas que depois nem se lembra e adquire acessórios que se multiplicam exponencialmente pela casa. Quem tem compulsão por compras faz do cartão de crédito uma verdadeira arma. É preciso estar atento a esse descontrole.
4. Extrema ansiedade e transtorno de humor em longos períodos sem consumo
A irritabilidade durante períodos de “abstinência” é uma das principais manifestações clínicas ligadas a essa patologia. Essa semelhança com a dependência do uso de substâncias químicas justifica o surgimento de diversos grupos de “devedores anônimos” pelo mundo.
As perturbações emocionais decorrentes desse desequilíbrio, bem como a autoconfiança ilusória de que tudo ficará em ordem são fatores que acabam por conduzir os diagnosticados ao desespero, à perda de autoestima e até a consequências mais graves.
5. Aumento do desejo de comprar ao sentir-se triste e sob pressão
Há estudos da área médica que mostram uma correlação íntima entre o comprar compulsivo com o transtorno obsessivo-compulsivo e o transtorno afetivo bipolar.
Além disso, a soma de patologias psíquicas com distorções conceituais do ato de consumir (usado como estratégia para lidar com frustrações) ajudam a fazer com que o compulsivo construa um certo apego emocional e suposta segurança através da compra.
6. Sensação de frustração e fracasso após a efetivação de uma compra
A consequência dessa distorção do papel do consumo em nossas vidas gera uma posterior decepção e sensação de impotência diante do descontrole no momento da decisão de compra. Logo, inicia-se um intenso ciclo de “prazer-luto”.
A identificação da origem da compulsão por compras
A origem da compulsão por compras, ou seja, sua etiologia, ainda não é conhecida com exatidão. Contudo, a literatura médica especializada relaciona a doença a alguns fatores:
• a origem do paciente (familiar e genética);
• o estado subjetivo (afetividade e alinhamento emocional);
• o meio que o cerca (sociedade e cultura).
Confira a seguir os desdobramentos de cada um desses aspectos.
Familiar e genética
Um estudo bastante aprofundado sobre o tema (“Clinical Manual of Impulse-Control Disorders”), desenvolvido pelos pesquisadores Eric Hollander e Dan Stein, da universidade norte-americana Albert Einstein College of Medicine, em Nova York, revelou que famílias de compradores compulsivos mostram maior tendência a desenvolver distúrbios como transtorno de humor, dependência química, disfunções alimentares e, é claro, compulsão por compras.
Da mesma forma, eventos traumáticos na infância, como abuso sexual, também podem desencadear Transtorno do Comprar Compulsivo (TCC). Há outros estudos que relacionam, ainda, compras compulsivas e seu comportamento autoindulgente à desregulação da neurotransmissão de dopamina e serotonina.
Afetividade e alinhamento emocional
No campo das emoções, há entendimentos que ligam compulsão à identidade frágil e baixa autoestima. O ato de adquirir bens e serviços desenfreadamente pode ser uma ferramenta transitória para lidar com sentimentos negativos (como rejeição), ou mesmo para auxiliar na construção de uma identidade influenciada pelo ideal de ostentação.
Em alguns casos peculiares, momentos de dificuldades financeiras podem levar o comprador a se jogar em uma espécie de roleta russa comercial com o pensamento de “já que estou endividado, vou ao menos comprar tudo que quero”. Há também situações de motivação involuntária em buscar o afeto de outras pessoas por meio de presentes.
Não raras vezes esse descontrole no consumo vem acompanhado de ansiedade e depressão, embora algumas pesquisas acadêmicas recentes indiquem fraca correlação entre os dois sintomas e a oniomania.
Sociedade e cultura
Por fim, como você pode imaginar, a cultura do consumo pode estar também na origem do Transtorno do Comprar Compulsivo (TCC) de algumas pessoas.
O modo com que um indivíduo enxerga sua relação com o dinheiro é que vai nortear seu uso. O problema é que essa concepção particular costuma vir impregnada de referências externas, como a visão social da compra como símbolo de poder.
Essa mentalidade presente no inconsciente coletivo estimula o sentimento de aproveitar a vida com foco apenas no instante — mesmo que não se tenha recursos disponíveis para isso.
Com as abundantes ofertas de financiamento, há um desestímulo à poupança e ao investimento, na medida em que se entende erroneamente que é possível ter as mesmas coisas sem a dedicação e o sacrifício de espera.
Todas essas questões estão no centro da problemática do comprar compulsivo e dificultam a disciplina financeira. Se você não sabe como parar de comprar compulsivamente e se identifica minimamente com alguma das características apontadas acima, pode ser que esteja ali a origem de seu impulso incontrolável.
O tratamento da compulsão por compras
Há inúmeras abordagens terapêuticas capazes de auxiliar quem sofre desse tipo de obsessão. Os tratamentos incluem o acompanhamento por fármacos (como ansiolíticos e antidepressivos), psicoterapias e até um processo de coaching, ministrado por um especialista em finanças pessoais. No mais, esses procedimentos podem ser feitos de forma concomitante a depender do quadro.
O objetivo de todas essas ações é ressignificar a relação gratificação-recompensa, canalizando em outras direções a busca do prazer de viver, no intuito de promover a felicidade distante da constante necessidade de fazer compras.
Para compreender como parar de comprar compulsivamente, você também pode seguir iniciativas como:
• busque nos anos iniciais de vida uma possível resposta para suas disfunções;
• agende um atendimento com um profissional da área médica, para encontrar o tratamento ideal;
• destrua seus cartões de crédito e compre apenas com dinheiro ou cartão de débito;
• cancele catálogos, assinaturas de e-mail de lojas, e evite colecionar folders promocionais;
• substitua o impulso de compras pela prática de atividade física regular;
• leve um amigo de sua confiança quando for comprar algo;
• desenhe um plano de ação para o futuro, cujo conteúdo contenha metas e investimentos que conduzirão aos seus objetivos de longo prazo (como aplicações em previdência privada);
• procure auxílio de um assessor de investimentos.
A importância da organização financeira no tratamento
A organização financeira é chave para redução dos sintomas, e sua efetivação — em paralelo aos procedimentos clínicos tradicionais — tem surtido resultados bastante satisfatórios.
Isso ocorre, muito em função do aspecto motivacional de, gradualmente, permitir ao paciente sentir que o controle de sua própria vida foi retomado após anos de desequilíbrio.
Conforme já explicado acima, em muitos casos de TCC, o paciente potencializa sua tendência ao descontrole justamente em momentos de dificuldade financeira.
Ou seja, assim como um vírus inoculado que passa anos sem manifestação no organismo, algumas pessoas só desenvolvem o transtorno compulsivo por compras quando se veem endividadas.
Quem se mantém no controle de seu orçamento doméstico tem chances significativamente menores de desenvolver um desejo repentino de comprar de forma desgovernada.
É preciso, portanto, criar o hábito de sistematizar suas receitas e despesas e, principalmente, aprender a transformar a vontade de comprar em vontade de investir.
Que tal se cada real direcionado para uma roupa for destinado a um investimento? Ao internalizar a constatação de que investir é a forma mais saudável de ganhar poder de consumo, e que o esforço de poupança de hoje serve exatamente para consumir livremente (e sem culpa) no amanhã, você pode reconfigurar sua mentalidade, ajudando muito no processo de restauração psicológica definitiva.
Dicas para lidar com a compulsão por compras
Considerando as observações citadas acima, qualquer processo de cura vai necessariamente passar por algumas etapas já mapeadas. Saiba quais são elas!
Estimule sua autopercepção
O primeiro passo para parar de comprar compulsivamente é autopercepção. Qual o gatilho leva você a comprar tudo o tempo todo? Qual perfil de consumo e quais situações externas ao dinheiro atenuam seu desejo de comprar? Ter essa visão crítica é imprescindível.
Redefina seus valores
O que é importante para você além dos bens materiais? Qual o valor que seus pais e amigos têm em sua existência? Dos momentos mais inesquecíveis de sua vida, quantos se referem a dinheiro e quantos ao simples prazer de estar ao lado de quem ama?
Ao tentar buscar essas respostas, provavelmente você não se lembrará de muitas ocasiões especiais fazendo compras. Isso porque a liberação serotonina nessas situações é feita em picos relâmpagos e, como as motivações são frágeis, não são guardadas na memória.
É preciso compreender que o verdadeiro valor de sua vida não se mede monetariamente. Retomar esse fluxo de raciocínio ajuda a mudar sua trajetória.
Busque cura para dores emocionais
Conforme você viu, muitas vezes a compulsão tem relação direta com desalinhamentos de ordem emocional. Nesses casos, é preciso buscar ajuda especializada para cicatrizar traumas que estejam desestabilizando sua vida financeira. Vá ao centro do problema.
Estude mais sobre o mercado financeiro
O mercado financeiro é um verdadeiro shopping de investimentos. Lá você encontrará uma diversidade imensa de produtos financeiros que, se geridos estrategicamente, tendem a multiplicar seu capital e garantir uma vida tranquila em sua aposentadoria.
Ganhar gosto pela compra de ativos (como seguro de vida resgatável, CDBs e planos de previdência privada) pode dar fim ao seu histórico de endividamento.
Enfim, chegamos às últimas linhas do nosso post. Depois de todos esses raios X do transtorno, o que você conclui? Esperamos que tenha tirado todas as suas dúvidas e entendido definitivamente como parar de comprar compulsivamente.
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