Ostentação e consumismo: do que você realmente precisa?
Já há muito tempo, ostentação e consumismo andam de mãos dadas. Afinal, para exibir o luxo que supostamente as rodeia, as pessoas costumam investir quantias que muitas vezes são superiores a suas reais possibilidades financeiras.
Desse comportamento exibicionista brotam outros, como a compulsão por compras, a inadimplência, o narcisismo ou egocentrismo e assim por diante. Tudo isso pode evoluir para quadros de doenças psicológicas.
Justamente para que você possa refletir um pouco mais sobre a relação entre ostentação e consumismo nos dias atuais é que resolvemos preparar este post. Nos próximos tópicos, abordaremos o tema considerando elementos históricos e contemporâneos. Acompanhe!
Ostentação e consumismo
O distanciamento entre realidade e aparência
A ostentação se configura pelo ato de enfatizar uma falsa realidade. Enquanto isso, o consumismo consiste no ato de comprar compulsivamente. Para entender melhor a relação entre esses conceitos, é preciso observá-los de maneira isolada.
Por um lado, a ostentação é um comportamento que não necessariamente demanda o consumo exagerado de qualquer coisa, mas somente a exibição de algo — que pode inclusive nem ter sido comprado pela pessoa que ostenta, mas pertencer a outra, por exemplo.
Por outro lado, o consumismo pode sim estimular a ostentação. No entanto, à semelhança do outro termo, o comportamento de consumo exagerado subsiste por si só. Por essa razão, nem sempre tem relação direta com o exibicionismo desnecessário.
Apesar da distância semântica entre os termos, na prática, quando eles se unem, influenciam a construção de estereótipos marcados pelo excesso, pelo descontrole e pelo total desinteresse por um estilo de vida modesto e discreto.
Especialmente no Brasil, o desejo que algumas pessoas têm de ostentar por meio do consumo encontra muitos empecilhos na alta carga tributária nacional, fator que obriga consumistas a se sacrificarem ainda mais para custear a imagem que idealizam.
O pensamento que antecede a compra
Antes de realizar qualquer compra, todos os indivíduos são confrontados, ainda que inconscientemente, pela reflexão sobre desejo versus necessidade. Em tese, a necessidade deveria se sobressair quando o assunto é prioridade financeira. Na realidade, porém, nem sempre é o que acontece.
Isso porque o marketing, por definição, tem a função de estimular o desejo das pessoas pelo consumo. Afinal, as necessidades já são estimuladas organicamente. É comum, portanto, ver ações de marketing incitando necessidades e, claro, fomentando desejos a partir delas.
Mas atenção: tanto sob influência da propaganda quanto da necessidade individual, o consumo é uma atitude sadia, desde que seja moderado, não extrapole a capacidade financeira do consumidor e nem tenha na sua origem o simples intuito de sustentar aparências.
Quando é apenas a ostentação que move o consumo, ele ganha ares de mero consumismo, tendo assim sua relevância reduzida. A verdade é que é impossível conceber uma sociedade sem consumo, uma vez que ele está na base de qualquer modelo econômico. Nem por isso, no entanto, o exibicionismo banal deixa de ser tedioso.
Nessa linha, emergiu no final dos anos 70 o termo consumo colaborativo, originalmente em um artigo publicado nos Estados Unidos, apoiado nas ideias do sociólogo Amos Hawley, defensor da instauração de uma sociedade organizada em comunidades urbanas.
Na economia colaborativa, o comprar cede lugar ao alugar, compartilhar, emprestar, doar, contribuir. Assim, as relações tradicionais de consumo são impactadas à proporção que o senso de propriedade comunitária floresce nas novas interações humanas.
É possível constatar isso na prática, por exemplo, pelos serviços ofertados em aplicativos de consumo colaborativo, como Mind my house e Trusted house sitters, de hospedagens, o Meal sharing, de refeições, o Catarse e Kickante, de crowdfunding, entre outros.
Com essa mentalidade, ostentação e consumismo vão sendo substituídos por comportamentos mais econômicos e incapazes de trazer qualquer tipo de prejuízo de ordem financeira ou relacionado à imagem das pessoas — como toda relação de consumo sustentável deve ser.
Os perigos para a vida financeira
Em um contexto global, a chamada 4ª Revolução Industrial, marcada pela entrada da humanidade na era dos robôs, tem sido responsabilizada por demissões e estagnações de salários em vários países, com risco de eliminar metade das ofertas de trabalho ao redor do mundo.
No Brasil, crises sociais, políticas e econômicas, assim como mudanças radicais na legislação trabalhista contribuíram para uma oscilação negativa no poder de compra da população em geral. Por isso, ostentar riqueza e consumo deliberado tem se tornado cada vez mais difícil.
É natural que o exibicionismo traga consequências financeiras desagradáveis, sobretudo em uma sociedade duramente impactada pelo desemprego. Segundo o IBGE, em dados da pesquisa PNAD Contínua, a taxa de desemprego no país mais que dobrou nos últimos 4 anos!
Como consequência, um levantamento recente feito pelo Serasa identificou que mais de 60 milhões de brasileiros estão inadimplentes em 2018 e, segundo o SPC, 7 em cada 10 brasileiros deixaram de pagar alguma conta ou atrasaram pagamentos em 2017.
Como se não bastasse, o governo também está altamente endividado pelo excesso de gastos e a dívida bruta dos estados atingiu, no primeiro semestre de 2018, o maior patamar desde 2006, alcançando o equivalente a 76% do PIB — algo em torno de 5 trilhões de reais.
No contexto de uma sociedade que sofre turbulências econômicas e é acometida por drásticas transformações na sua estrutura, os comportamentos de ostentação e consumismo são ainda mais arriscados, pois até os custos básicos de vida se tornaram mais onerosos.
Assim, em vez de custear uma estética luxuosa para ser exposta como prova de inteligência financeira, uma sábia alternativa para a aplicação de recursos está, por exemplo, na previdência privada, uma vez que o futuro possivelmente trará surpresas com relação aos planos públicos.
Por fim, apesar de muitas pessoas ainda aliarem ostentação e consumismo como um estilo de vida, se o mercado nacional, bem como a conjuntura econômica global não assumirem rumos diferentes, é possível que tais comportamentos fiquem cada vez mais restritos.
Isso não significa que você só deve consumir o básico e buscar ocultar as conquistas materiais, ok? Aliás, pelo contrário! Trata-se, na verdade, de um desafio à visão particular sobre o consumo, que, apoiada ou não na ostentação e no consumismo, deve ser respeitada tal como é.
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