Tudo sobre investimentos: 5 coisas que você sempre quis saber

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ícone de calendário indicando a data da publicação​ Criado em 17/07/2017 | Atualizado em 27/12/2022

Especialistas apontam que a maior parte da população brasileira aplica sua renda excedente exclusivamente na conta-corrente ou na conta poupança. O investimento, portanto, ainda é uma realidade distante para muitas pessoas. O motivo desse distanciamento é a falta de informação, o medo do risco e o mito de que a bolsa de valores é acessível apenas para os ricos.

Na verdade, não precisamos de muito dinheiro para começar a aplicar nossas economias. Uma pequena herança, o décimo terceiro salário, o fundo de garantia ou mesmo uma pequena parcela mensal do salário já permitem dar os primeiros passos no mundo dos investimentos.

Ter medo dos riscos, por sua vez, é uma postura bastante compreensível e até desejável quando estamos falando do futuro de nossa família. No entanto, isso não significa que não possamos fazer investimentos, já que nem todas as aplicações são arriscadas. Como veremos mais para frente, é possível controlar esse risco de acordo com as preferências pessoais de cada investidor.

Assim, se você sempre quis fugir da poupança, mas nunca soube exatamente por onde começar, fique atento porque a partir de agora vamos detalhar tudo sobre investimentos. Confira!

1. Entenda a diferença entre os tipos de investimentos

Quando pensamos em investimentos, talvez a primeira coisa que passe pela cabeça seja a imagem de uma bolsa de valores em que aventureiros apostam a sorte e acabam ganhando muito dinheiro ou falindo de vez. A verdade é que essa imagem cinematográfica não tem muito a ver com o que acontece na prática. Inclusive, existem muitos outros investimentos além das ações, como veremos a seguir.

CDB

O certificado de depósito bancário, mais conhecido como CDB, nada mais é do que um empréstimo, a forma mais comum que existe de investimento. Toda vez que compramos um CDB, estamos emprestando dinheiro para a instituição financeira e sendo remunerados com juros em contrapartida.

O retorno que podemos esperar desse tipo de investimento, bem como a segurança da aplicação variam muito de banco para banco. Geralmente, os bancos maiores oferecem um retorno menor, mas são considerados sólidos, isto é: a chance de o banco se tornar insolvente e quebrar é pequena. Já os bancos menores não conseguem oferecer essas mesmas garantias, então compensam com um retorno um pouco maior.

Ainda com relação à segurança do investimento, temos que mencionar que os investimentos feitos em CDB estão amparados pela proteção oferecida pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), para os investimentos com o montante de até R$ 250 mil.

Com relação aos custos, o CDB não tem taxa de administração, sofre desconto de imposto de renda e pode sofrer incidência do IOF, caso das aplicações inferiores a 30 dias. A liquidez pode ou não ser diária.

LCI e LCA

A Letra de Crédito Imobiliário e a Letra de Crédito do Agronegócio são bastante parecidas com o CDB. Também são empréstimos que o investidor faz ao banco, para que o banco possa financiar iniciativas ligadas ao setor imobiliário e ao agronegócio.

Assim como o CDB, aqui o investidor também pode contar com a proteção do fundo garantidor, também está livre de taxa de administração, podem ter remuneração atrelada ao DI, prefixada ou atrelada à inflação.

A maior diferença entre a LCI/LCA e o CDB é que os primeiros são isentos de imposto de renda, IOF e geralmente não têm liquidez diária, o que significa que o investidor deve ficar com eles até a data do vencimento.

Títulos Públicos

Assim como o CDB, o LCI e LCA, o investimento em títulos públicos também é uma espécie do gênero dos empréstimos remunerados. A diferença é que aqui não estamos emprestando dinheiro para um banco, mas para o governo federal do Brasil.

O governo brasileiro gastou mais do que tinha no passado e, consequentemente, acabou contraindo muitas dívidas. Na medida em que essas dívidas que o país tem vão vencendo, o governo vai emitindo novas dívidas para pagar as anteriores. Esses novos títulos podem ser comprados por instituições financeiras e também por investidores, que é o nosso caso.

Os títulos públicos são considerados um investimento de baixíssimo risco e podem ter uma rentabilidade pré-fixada, indexada à inflação ou pós-fixada (atrelada à taxa Selic). A aplicação mínima é bastante baixa: 30 reais. Estão sujeitos a taxa de custódia, IR e IOF para aplicações inferiores a 30 dias. A liquidez é diária e podem ser vendidos de volta para o governo a qualquer momento.

Fundos de investimentos

Fundo de investimento nada mais é do que um grupo de investidores que se organizam sob a forma de um condomínio para reunir recursos de diferentes portes de diversos investidores com a intenção de aplicá-los em uma carteira diversificada de investimentos.

Esses investimentos são geridos por um profissional e por isso é devida uma taxa de administração. Outros custos também incluem o Imposto de Renda e IOF para o caso de investimentos com prazo menor do que 30 dias.

Pode ser uma boa ideia para o pequeno investidor que não tem tempo de se inteirar sobre os diferentes tipos de investimento ou ainda não tem conhecimento suficiente para tomar uma decisão informada.

É importante destacar, ainda, que existem diferentes tipos de fundos de investimento, a depender do risco que o investidor está disposto a correr. Os fundos mais conservadores concentram investimento em títulos públicos e renda fixa. Já os fundos mais arriscados concentram aplicações em ações.

Previdência privada

A previdência privada é uma boa forma de investimento no longo prazo, de modo a complementar a aposentadoria do INSS ou, ainda, para realizar outros projetos de vida, como abrir um restaurante ou viajar o mundo, por exemplo. Uma das grandes vantagens oferecida por esse tipo de investimento é que o titular pode fazer uma dedução no Imposto de Renda até 12% da renda bruta mensal quando ela for investida em previdência privada.

Debêntures

Assim como o governo e os bancos, as empresas privadas também emitem títulos quando estão precisando se capitalizar. É o que acontece quando precisam de dinheiro na mão para pagar dívidas ou financiar novos projetos, sem colocar novas ações no mercado. Estamos falando, portanto, em mais uma modalidade de investimento em que o investidor vai emprestar dinheiro e ser remunerado por isso.

Pode ser uma boa oportunidade de obter rendimentos altos, no entanto, o investidor deve se cercar de alguns cuidados e procurar obter informações confiáveis sobre a integridade da empresa em questão, bem como a do mercado em que ela atua.

O risco, a liquidez e a rentabilidade dependem muito de caso para caso, de modo que não é possível traçar muitas regras quando o assunto é debentures. A taxa de remuneração costuma variar de 15% a 18% ao ano, dependendo da solidez econômica da empresa que emite.

Ações

Uma ação é um título que representa uma pequena fração de uma Sociedade Anônima, isto é: uma Companhia de capital aberto, que negocia seus papéis na bolsa de valores. Assim, quando o investidor compra uma ação, acaba virando um sócio minoritário da empresa, que nesse caso recebe o nome de acionista.

O acionista minoritário de uma companhia não exerce nenhuma função administrativa dentro da empresa e também não tem nenhum tipo de obrigação com ela. Depois de ter pago o valor estipulado pelas ações, o acionista adquire o direito de receber dividendos, ou seja, uma pequena parte (proporcional ao número de ações que possui) do lucro da empresa, caso a empresa venha a lucrar.

O risco desse tipo de investimento é, portanto, comprar ações de uma empresa que passa a não apresentar bons resultados. Isso faz com que as ações sejam um investimento de renda variável. Além de não receber os dividendos, o investidor pode até perder o dinheiro que aplicou inicialmente caso a empresa venha a quebrar ou o preço das ações despenque.

O investimento em ações permite que tenhamos dois tipos diferentes de ganhos: a valorização do título ou o recebimento de dividendos. A primeira estratégia é voltada para o curto prazo, tem um risco maior e consiste em comprar ações quando estão em baixa e vendê-las quando estão em alta, ficando com a diferença.

A segunda estratégia é voltada para o longo prazo e consiste em escolher uma empresa sólida, que provavelmente apresentará bons resultados, de modo a obter rendimentos a partir dos dividendos.

2. Dicas para investir no mercado de ações

Como o investimento em ações não conta com garantias governamentais e como também não podemos traçar regras que se apliquem a todos os casos, já que a rentabilidade, a liquidez e o risco variam muito a depender da empresa escolhida, nada mais justo do que dedicarmos um capítulo para tratar exclusivamente do mercado de capitais.

Se você é um pequeno investidor que está dando apenas os primeiros passos dentro desse novo universo, então é recomendável que não corra muitos riscos. Por isso, elencamos algumas dicas fundamentais para que o investidor possa investir de forma segura na bolsa de valores.

Escolha empresas consolidadas

Empresas grandes e consolidadas que estão no mercado já a muitos anos têm uma grande probabilidade de que continuem a estar durante muitos anos que ainda estão por vir, fazendo com que o investimento seja bem mais seguro. O iniciante deve procurar evitar de virar um investidor de startups, por exemplo, ou pequenos empreendimentos que ainda não encontraram sua posição no mercado.

Saiba como a empresa ganha dinheiro

Você não precisa ser um especialista, mas se quer investir em ações tem que ter a capacidade de explicar de forma simples o que a empresa faz. Se o investidor escolhe comprar papéis de uma empresa que oferece um serviço ou produto extremamente complicado e fora do seu alcance, ele certamente terá dificuldade em tomar decisões importantes com relação a seus investimentos.

Compre ações a um bom preço

Mesmo que uma empresa seja uma ótima opção de investimento, temos que exercitar nossa paciência para não comprarmos as ações a um preço muito elevado. O investidor só deve comprar uma ação quando ela apresentar um intervalo grande entre o valor atual e o chamado valor intrínseco, ou seja, capacidade da empresa de gerar valor futuramente.

Invista no longo prazo

Na hora de comprar ações o investidor que não quer arriscar muito deve pensar no investimento como um comprometimento para toda a vida. É claro que, eventualmente, terá a necessidade de ajustar sua estratégia. O que queremos dizer com isso é que a empresa tem que ter futuro. Temos que nos perguntar: “Daqui a 10 anos viveremos em um mundo que tem espaço para esse tipo de empresa”?

Dê preferência por empresas com poucas dívidas

Em regra, uma empresa com poucas dívidas oferece um risco menor de quebrar além de ter uma probabilidade maior de crescer de forma saudável rendendo bons dividendos aos seus acionistas.

Considere a imunidade a fatores externos

É sempre bom dar preferência por empresas que não estão tão sujeitas a fatores externos, como políticas públicas, variação cambial, taxa de juros e etc. É claro que toda a economia funciona de forma integrada e é impossível encontrar uma empresa que esteja 100% livre de influência de fatores externos.

Fuja das empresas controladas por um grande acionista

Muito poder concentrado nas mãos de uma única pessoa pode ser um problema para os acionistas minoritários, a não ser que seja uma pessoa em que você confia plenamente ou que tem uma história junto à empresa, com uma ficha impecável no mercado.

3. Saiba como escolher o melhor para a sua idade

Um dos principais fatores que ajudam a moldar o chamado perfil do investidor é a idade. Isso acontece porque, em regra, a idade do investidor costuma ter uma relação direta com a quantidade de risco que ele está disposto a correr em suas aplicações e também com a quantidade de dinheiro disponível para investir.

Investidores de 18 a 30 anos de idade

Em geral investidores mais jovens contam com uma quantidade menor de dinheiro para colocar nas aplicações. Além disso, eles têm o tempo a seu favor, o que significa dizer que conseguem se recuperar de eventuais prejuízos causados por investimentos financeiros no curto prazo. Recomenda-se, portanto, que os jovens adotem um perfil mais arrojado, para que possam ter ganhos reais com investimentos pequenos.

Uma estratégia muito comum para essa faixa etária é o investimento em ações por meio de fundos de gestores independentes, já que assim o jovem investidor pode contar com uma equipe de profissionais monitorando o mercado pelas melhores oportunidades.

Investidores de 30 a 50 anos de idade

A partir dos 30 anos o perfil do investidor começa a mudar um pouco, já que a carreira passa a exigir uma atenção maior e a constituição de família com ou sem filhos tende a aumentar os gastos. Investimentos um pouco mais arriscados continuam sendo recomendados, porém é necessário adquirir ao menos alguns produtos com alta liquidez para evitar o endividamento no caso de uma emergência. Essa idade também se caracteriza por uma preocupação um pouco maior com a aposentadoria, o que não era uma questão na fase anterior.

Investidores acima dos 50 anos de idade

A partir dos 50 anos de idade, o investidor geralmente já conseguiu acumular algum patrimônio e uma perda aqui pode ser irreparável, já que não dispõe do tempo a seu favor. A maior preocupação durante essa fase costuma ser a manutenção do padrão de vida após a aposentadoria e também a sucessão de seus bens.

Os investimentos indicados aqui são os produtos de renda fixa e fundos multimercados de baixa volatilidade. Já com relação à sucessão, costuma-se recomendar um plano de previdência privada, já que os recursos são entregues de forma rápida e sem burocracia aos beneficiários indicados, sem entrarem no inventário e na partilha.

4. Leve o tempo do investimento em consideração

Daqui a quanto tempo você pretende resgatar seu investimento? Não existe resposta certa ou errada para essa pergunta, apenas a resposta que mais ou que menos se adequa ao projeto de vida de cada investidor.

É claro que quanto maior for o tempo do investimento, a tendência é que a rentabilidade seja maior. Trata-se de uma boa estratégia para obter ganhos um pouco mais substanciais sem ter que recorrer a produtos que oferecem um risco igualmente maior.

Por outro lado, o investimento no longo prazo tem que ser feito mantendo os pés no chão. Também não podemos comprometer uma parte muito grande do patrimônio para resgatar somente daqui a cinco ou dez anos, já que a retirada prematura do dinheiro geralmente implica em perdas financeiras relevantes.

Alguns questionamentos devem ser feitos antes de optar por uma liquidez menor. O investidor tem estabilidade no emprego? Tem filhos pequenos? É casado em regime de comunhão universal de bens? Tem casa própria ou mora de aluguel? Tudo isso para que não precise se do dinheiro que ficará imobilizado durante o prazo do investimento, tendo que recorrer às linhas de crédito bancário

5. Entenda mais sobre os principais conceitos de investimentos

O leitor mais atento certamente já deve ter percebido que existem três conceitos básicos em torno dos quais gira toda e qualquer discussão a respeito dos investimentos: o risco, a liquidez e a rentabilidade.

O investidor iniciante deve compreender que a variação entre esses três elementos vai ser uma espécie de impressão digital, que diferencia cada tipo diferente de investimento. De certa forma, encontrar o investimento ideal para você é tentar posicionar o seu perfil dentro dessas três variáveis.

Rentabilidade

A rentabilidade é o retorno obtido pelo investidor em razão da aplicação. Em regra quanto menor a liquidez maior será a rentabilidade. Assim como quanto maior o risco, maior a será a rentabilidade.

Devemos tomar alguns cuidados no momento de calcular a rentabilidade de determinado investimento. Isso porque nem sempre a rentabilidade nominal acaba coincidindo com o que poderíamos chamar de “rentabilidade real”.

Desse modo, é importante levar em consideração quanto dos ganhos obtidos será perdido com o pagamento de impostos, emolumentos, taxas de administração e custódia. Nem sempre o investimento que promete um número maior é o que, de fato, confere as maiores vantagens. Até se não houver custo algum, temos que descontar a desvalorização do dinheiro causada pela inflação, desde que, é claro, os rendimentos já não estejam indexados com base na inflação (é o que acontece quando um investimento paga X mais a inflação).

Risco

O risco parece ser o grande responsável por muitas pessoas não se interessarem e temerem os investimentos. No entanto, é preciso levar em consideração que qualquer tipo de aplicação financeira contém um risco, por menor que seja.

Quando deixamos o dinheiro parado na conta-corrente, é possível que o banco quebre e não possamos sacá-lo no caixa eletrônico. Quando guardamos o dinheiro embaixo do colchão, é possível que um incêndio nos faça perder tudo.

A lição a ser aprendida aqui é que o risco faz parte da vida e não apenas dos investimentos financeiros. Se optarmos por uma vida completamente sem riscos, não poderíamos nem atravessar uma rua, não é mesmo? Assim como na vida, nas finanças existem riscos administráveis que valem a pena de serem corridos;

Liquidez

No vocabulário dos investimentos liquidez significa o tempo necessário para que os rendimentos possam ser resgatados. Assim, um investimento com a liquidez alta permite que o investidor retire seu dinheiro a qualquer momento enquanto que um investimento com baixa liquidez exige que o resgate seja feito no longo prazo, como daqui a um ou cinco anos. Geralmente se o investidor precisa do dinheiro antes disso, ele acaba sendo penalizado e perdendo dinheiro.

Renda fixa e variável

Nos chamados investimentos de renda fixa, a remuneração paga ao investidor ou ao menos a fórmula de calculá-la é estabelecida previamente, no momento da aplicação. Já nos investimentos de renda variável, o investidor não tem como saber, de antemão, qual será a rentabilidade da aplicação, mas se souber escolher criteriosamente e diversificar bem, é possível obter rendimentos maiores do que os de renda fixa. É o caso, por exemplo, do investimento em ações.

Em conclusão, vale ressaltar mais uma vez que o mundo dos investimentos não está restrito apenas aos grandes investidores. De igual modo, o mercado de capitais também não exige que o investidor seja um guru para realizar investimentos simples. Para isso, basta evitar os altos riscos e se familiarizar com alguns conceitos básicos, como liquidez, rentabilidade, juros, inflação e taxas de administração.

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