Quais são as dívidas boas e as ruins
Você certamente já ouviu falar de dívidas, talvez muito mais do que gostaria. O que talvez ainda não saiba é que as dívidas também podem ser boas. “Oi? Dívida boa? Isso existe?”
Vamos por partes. Primeiro vou explicar o que é dívida ruim ou a famosa dívida absurda. O nome já diz, é ruim, não presta e é um absurdo que você esteja endividado por causa de “tal” aquisição. Sabe aquele vestido ou até mesmo aquela viagem que você não tem ideia de como vai pagar a primeira parcela? Está aí um bom exemplo de uma dívida absurda, uma dívida ruim.
Dívida ruim é aquela que você faz sem pensar nas consequências. Além de tirar dinheiro do seu bolso, geralmente cresce como uma bola de neve, impulsionada por juros altíssimos. Se você de cara pensou no cartão de crédito ou no cheque especial, faz todo sentido. Nem preciso dizer que isso não é uma dívida boa, certo? Ter uma dívida ruim é mesmo desesperador, não é legal se afundar nela. É a sensação de que aquela tal despesa não acrescentou em nada e ainda por cima tirou a paz do seu sono.
A pergunta que não quer calar
De onde vêm as dívidas? Sempre que atendo um cliente novo, pergunto se ele tem alguma dívida. Depois de alguns olhares constrangidos a pessoa responde que sim e completa: “não sei como isso foi acontecer”. Em geral, em apenas cinco minutos já é possível identificar as dívidas ruins das dívidas boas. Como dívidas não caem sozinhas no colo de ninguém, eu prontamente respondo que se existe uma é porque em algum momento alguém fez uma escolha errada pautada nas emoções.
Se a dívida é ruim, por que as fazemos?
Aprenda de uma vez por todas, você faz dívidas ruins porque suas convicções estão equivocadas. Na grande maioria das vezes, compramos por prazer e não por necessidade. Nosso cérebro funciona com base nesse princípio: “sinta prazer, evite a dor”. Adiar a compra de algo que tanto queremos pode ser, sim, uma tremenda dor. Entende agora porque nos precipitamos e compramos algo que não deveríamos naquele momento? Mas existe uma saída: defina claramente o que é sofrimento e o que é prazer para você. E tenha isso em mente na hora de fazer uma compra.
Quando você decide aguardar para comprar algo, pois o momento atual não é o mais adequado, a sua mente começa a entender melhor essa dinâmica. Vou contar um segredo: sempre que quero muito comprar algo caro, eu me dou um prazo para juntar o valor equivalente e, após esse tempo, compro à vista.
Percebi que o fator tempo não me atrapalha, ou seja, não tenho que me endividar naquele momento para fazer uma aquisição. Eu posso planejar e obter o que quero e preciso com um pouquinho mais de espera.
E a tal dívida boa?
A dívida boa, conhecida também como dívida inteligente, é aquela que você faz com um planejamento muito (eu disse muito!) estruturado. Um exemplo de dívida boa é quando você vai estruturar um negócio e precisa de capital. Você pega a grana emprestada mas sabe exatamente quanto precisa faturar para cobrir esse empréstimo. Não estou falando de uma aventura no mundo do empreendedorismo mas, sim, de um projeto com processos que funcionem.
A dívida boa permite alavancar um negócio cujo retorno paga os juros cobrados no empréstimo
Achou complicado? Pense no pequeno empreendedor que precisa pegar dinheiro emprestado para aumentar seu capital de giro e, após esse empréstimo, consegue um aumento significativo nos lucros e receitas. Dessa forma, ele consegue pagar a dívida e ainda tem um retorno financeiro estável. Chamamos essa operação de alavancagem. Esse é um excelente exemplo de dívida boa. Mas repito: tenha um planejamento estruturado, inclusive com um plano B.
Dia desses um dos meus clientes decidiu comprar um carro para trabalhar com transporte de executivos. Ele fez uma dívida boa. Os ganhos obtidos por ele com esse trabalho são superiores às parcelas que paga, cobrem os custos do carro e ainda sobra. O plano B para gerar essa dívida é que antes ele poupou uma quantia referente a seis meses de prestação do veículo.
Outra opção é trocar sua dívida ruim por uma dívida boa. Mas, nesse caso, precisa redobrar a atenção, pois mesmo a dívida boa pode se tornar um problema. Essa é uma conhecida manobra de crédito: você pega um empréstimo com juros menores para pagar uma dívida que está com juros altos e que não está dando conta de pagar.
Logo, podemos concluir que dívidas contraídas para gerar dinheiro ou até mesmo para aumentar seu patrimônio líquido são dívidas boas. Se esse não é o caso, então é uma dívida ruim.
Uma dica muito importante é prestar bastante atenção nos juros que você vai pagar: eles precisam ser menores do que seu retorno financeiro. E nunca, nunca arrisque pegar um empréstimo para colocar uma ideia em ação se antes você não se planejou ou validou essa ideia. Uma dívida boa pode também se tornar um pesadelo.
E, para fechar este artigo com chave de ouro, o que eu sempre digo é: fuja radicalmente das dívidas ruins e planeje muito bem sempre que precisar fazer uma dívida boa. Definir o que realmente precisa em cada momento da sua vida pode fazer você economizar uma boa grana e evitar muita dor de cabeça.
Inscreva-se no programa de educação financeira e fique por dentro das novidades!