Como cuidar e proteger uma pessoa no grupo de risco do coronavírus
É sabido que o novo coronavírus (causador da COVID-19) tende a ser mais agressivo a quem se encaixa em determinados fatores de risco. Nesse cenário, aqueles pertencentes ao grupo de risco do coronavírus precisam reforçar a atenção para se proteger do contágio.
Se você não pertence a esse grupo, pode se juntar à imensa rede solidária que se organiza para colocar bilhetes na porta dos elevadores dos condomínios (oferecendo-se para fazer compras a idosos), doar sangue, cuidar dos filhos de quem não pode ficar em casa etc. Mas e se você tiver alguém do grupo de risco dentro de casa?
Como agir? Como cuidar da saúde mental desse perfil e, ao mesmo tempo, conscientizá-los dos riscos do novo coronavírus?
Neste artigo, vamos abordar uma perspectiva ainda pouco trabalhada sobre os impactos da doença na sociedade: como lidar com quem é do grupo de risco do coronavírus. Fique conosco nas próximas linhas!
Quem está no grupo de risco do coronavírus?
Segundo relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS), os principais fatores de riscos ligados às complicações durante a contaminação por COVID-19 são:
• diabetes;
• cardiopatia;
• obesidade;
• imunodepressão;
• câncer;
• doença renal;
• pneumopatia;
• doença hematológica;
• doença neurológica;
• asma ou outras enfermidades respiratórias crônicas;
• doença hepática;
• síndrome de Down.
Os indivíduos portadores dessas enfermidades devem redobrar os cuidados com o novo coronavírus. De acordo com levantamento do Ministério da Saúde, dos 800 mortos confirmados até 8/4/2020, 75% apresentavam ao menos um fator de risco.
Dentro dessa amostra nacional, a COVID-19 esteve associada à cardiopatia em 336 óbitos, a diabetes em 240 óbitos, seguida da pneumopatia (82), doença neurológica (55) e doença renal (55). Em todos os grupos de risco, a maior parte dos falecidos tinha mais de 60 anos, exceto para obesidade e síndrome de Down.
Já no Reino Unido, 7 em cada 10 pacientes internados em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) por conta do novo coronavírus apresentavam obesidade ou sobrepeso.
Quais cuidados especiais o grupo de risco deve tomar?
Quem apresenta alguma doença que se encaixe como fator de risco em relação ao novo coronavírus deve intensificar os cuidados já recomendados ao restante da população:
• lavar as mãos sempre que retornar do ambiente externo, procedendo à fricção de todas as partes (palmas, dedos, punhos etc.) por, pelo menos, 20 segundos;
• não levar as mãos à boca, nariz, olhos ou ouvidos enquanto estiver fora de casa (sem possibilidade de higienizar suas mãos);
• se possível, carregar consigo álcool em gel 70% em suas saídas às ruas;
• usar máscaras, que podem ser reutilizadas (quando feitas de pano), mas devem ser trocadas a cada 2 horas no máximo;
• dentro de casa, manter os ambientes sempre ventilados; separe os objetos de uso pessoal (talheres, toalhas, copos etc.).
Todavia, a mais importante recomendação a quem está no grupo de risco do coronavírus é evitar ao máximo sair de casa durante a quarentena. Mesmo com toda a tecnologia que temos hoje, a forma mais eficaz que conhecemos para combater a transmissibilidade do vírus é a mesma utilizada na gripe espanhola de 1918: ficar em casa.
Por isso, se a natureza de sua profissão permitir, dialogue com os Recursos Humanos ou chefia imediata, apresentando os prejuízos que a própria empresa vai sofrer em caso de sua contaminação, propondo o teletrabalho — já com metas mais audaciosas para motivar seus patrões a conceder esse benefício.
Caso sua empresa esteja fechada ou você já esteja trabalhando remotamente, 50% de sua proteção está assegurada, restando atenção aos demais moradores da casa.
Todos estão também em casa? Caso haja alguém trabalhando externamente, deve ser feita uma reorganização nos cômodos da residência, de forma que você fique o mais isolado possível desses membros familiares durante a pandemia.
Já se você mora sozinho ou se todos estão em casa, tudo fica mais fácil. Basta seguir as recomendações acima, evitando ao máximo saídas que não sejam essenciais (nada de caminhadas, por exemplo).
Compras de supermercado devem ser, preferencialmente, solicitadas pela internet (delivery) e, se não for possível, peça a algum familiar que faça as compras semanais (ou mensais) para você.
Até os passeios com pets devem ser reorganizados, de modo que outro familiar tome para si essa responsabilidade (ou, se não houver mais ninguém na casa, que você a assuma de forma mais esporádica possível).
Quanto tempo o vírus sobrevive nas superfícies?
Todos esses cuidados devem ser tomados pois existem estudos que mostram que as gotículas com vírus podem flutuar pelo ar por cerca de 3 horas.
No aço inoxidável (material dos botões do elevador), o Sars-Cov2 (agente viral causador da COVID-19) pode ficar inativo por 2 ou 3 dias, com possibilidade de reativação se ingressar no organismo humano.
Nas roupas, a sobrevida dessa mutação viral pode chegar a 96 horas (caso alguém venha a tossir sobre elas). Ou seja, quem é do grupo de risco precisa ficar em casa o máximo possível para reduzir a exposição ao novo coronavírus.
Como ajudar uma pessoa no grupo de risco do coronavírus?
Imagine, para quem tem mais de 60 anos, ouvir todos os dias no telejornal que os mortos por COVID-19 no dia tinham em comum a idade avançada?
Como digerir esse tipo de informação? Mais do que proteger os familiares do grupo de risco do coronavírus, cabe às famílias também cuidar do estado emocional desses entes queridos, mostrando ajuda e amparo ainda que a distância.
Faça chamadas de vídeos com frequência
Esse é o ponto principal do isolamento social para quem mora sozinho. Caso se trate de idosos, é fundamental que os familiares criem uma rotina de conversas diárias por instrumentos digitais (como videoconferência).
Caso seus avós, por exemplo, residam sozinhos e não tenham computador, compre um tablet, instale um aplicativo de vídeo (Skype, Zoom etc.), configure-o para inicialização automática e leve-o aos seus entes queridos.
Nessa situação, não haveria necessidade de expertise no trato com esses gadgets, bastando apenas saber carregar o dispositivo, ligá-lo e apertar o botão “aceitar chamada”. Essa iniciativa, por si só, já os faria sentir menos solitários em um momento tão difícil.
Invista em atividades de entretenimento
Se estivermos falando de familiares mais jovens que moram em sua casa, busque aliviar a tensão desse perfil distraindo-os durante o dia com atividades de entretenimento (desviando, portanto, o foco da doença).
Faça um cronograma com séries on-line, jogos de videogame, estudos em família e, sobretudo, reduza a exposição aos noticiários (válido para todos os grupos de risco).
A abordagem imprescindível aqui é mostrar a eles que essa é uma oportunidade única (talvez a última) em que a família ficará unida por mais tempo.
Trata-se de um brinde inesperado para cultivar afeto dentro de sua casa, apesar de eventuais dificuldades financeiras que o auxílio emergencial não é capaz de cobrir.
Procure também notícias positivas
Além disso, em um momento em que o foco está em quem morre, é preciso se lembrar de quem vive: 81% dos contaminados pelo novo coronavírus expõem sintomas leves, como tosse e coriza, ou mesmo não apresentam qualquer sintoma (isso vale para muitos do grupo de risco do coronavírus). Há também inúmeros tratamentos do coronavírus em andamento e vacinas sendo testadas.
Em resumo, tentar manter uma energia positiva, praticar a escuta ativa e buscar a empatia são formas de contribuir para o bem-estar das pessoas com fatores de risco durante a pandemia. Esse pode ser um momento-chave para estreitar laços e nos tornarmos mais humanos, a começar dentro de nosso próprio núcleo familiar.
Por falar em grupo de risco do coronavírus, pode ser que você tenha dúvidas sobre as nuances médicas dessa pandemia e seus impactos econômicos.
Quer saber mais sobre questões epidemiológicas e consequências financeiras da COVID-19? Então, continue conosco e saiba agora o que exatamente é coronavírus e como ele muda o ritmo da economia mundial!