Planeje financeiramente sua mudança de emprego seguindo 6 passos
Você acorda desmotivado, com preguiça de ir ao trabalho? Perdeu produtividade e sente que sua empresa já não lhe oferece nenhuma aspiração? Pode ser que seja a hora de pensar na mudança de emprego.
Mas como dar esse passo decisivo (e audacioso) em sua carreira? Aprenda abaixo a se planejar e amadurecer seus planos de transição profissional!
Mudança de emprego e transformações estruturais do mercado: qual a relação?
Nos últimos anos, a economia brasileira passou por importantes mudanças estruturais, que impactaram drasticamente o mercado de trabalho.
Na década de 1990, a abertura econômica, seguida das alterações nas políticas de juros e de câmbio, ajudou a intensificar a industrialização do país. As automações aterrissaram sobre os processos produtivos e exigiram adaptações dos trabalhadores.
Para a nova década que se avizinha, a “economia dos aplicativos” mostra-se como mais um ponto de inflexão nas relações laborais. Saem os vínculos tradicionais (como CLT e até a recente “pejotização”) e entram as “parcerias” informais com multinacionais ligadas a aplicativos.
Aos que permanecem no mercado formal, as ressignificações não são menos intensas. Tecnologias físicas, digitais e biológicas redesenham o papel do colaborador, deslocando-o das tarefas operacionais para uma posição de quase “maestro” da tecnologia.
É evidente que todo esse tsunami de transformações reverberaria no espírito dos profissionais: desde 2010, o índice de turnover (rotatividade) dos funcionários brasileiros aumentou 82%, mais que o dobro da média mundial. O desejo de ser livre, valorizado ou desafiado, está no centro das aspirações da era digital.
Por que essa rotatividade tem se tornado cada vez mais comum?
O aumento dos índices de mudança de emprego tem relação com um conjunto de fatores simultâneos.
Entram nessa conta a inadaptação às novas tecnologias, a redução média dos salários (decorrente das automatizações), o estímulo à informalidade, além de uma tendência natural das novas gerações em transitar por diferentes profissões (às vezes, simultaneamente).
Com maior acesso à informação, as gerações “Y” (nascidos entre 1980 e 1995) e “Z” (entre 2000 e 2010) cresceram estimuladas pelas tecnologias digitais e pela formação de um conhecimento multifacetado. Contudo, essa característica, em muitos casos, resultou na formação de uma força de trabalho polivalente, mas também instável e insaciável.
Essas mudanças na sociedade explicam por que os números da rotatividade profissional aumentam exponencialmente a cada ano, sobretudo no Brasil.
Mas pode ser que você também esteja cogitando mudança de emprego. Se sim, já estudou como fazer essa ponte para novos desafios? Há planejamento traçado? Dentre todas as projeções desejáveis, o estudo financeiro é o mais importante.
Por que a preparação financeira é tão importante para a mudança de emprego?
Mudar de carreira (ou mesmo de emprego) é para os fortes. Envolve ficar um tempo fora do mercado, investir em cursos de qualificação sem certeza de retorno, ter paciência para recomeçar de baixo, além de suportar a pressão de familiares/amigos.
Contudo, para aguentar tudo isso, o profissional precisa de dinheiro guardado. O problema é que esse nível de organização é raro.
Uma pesquisa da CNDL/SPC Brasil mostrou que 67% dos brasileiros não conseguem guardar dinheiro. Esse percentual alinha-se com outro levantamento, dessa vez do Banco Central, que indica que apenas 14% dos brasileiros se dizem capazes de levantar R$ 1.520,00 em uma reserva de emergência.
Afinal, sem capital acumulado para dar segurança e tranquilidade durante o processo de mudança de emprego, como ser bem-sucedido no fim dessa jornada?
Portanto, com pouco dinheiro guardado, a tendência é que o profissional se desespere com o passar dos meses, sendo forçado a aceitar postos inferiores, ou até mesmo subempregos.
É por isso que planejamento pessoal e financeiro é a ordem do dia a quem pensa em trocar de carreira. Mas, a propósito, você sabe quais são os passos fundamentais de uma mudança profissional de sucesso?
Mudança de emprego: 6 passos para planejamento e transição tranquilos
Siga os passos abaixo como uma bússola em seu processo de migração profissional.
1. Analise o “MMMA”
Já ouviu falar nessa sigla? Ela se refere a 4 pontos-chaves que você deve avaliar antes de mudar de carreira:
- Motivação: o que impulsionou você a mudar? Com que exatamente está desmotivado em seu atual posto?
- Momento do mercado: sair nesse cenário econômico é inteligente? O setor para o qual deseja ir é favorável ao desenvolvimento de suas aspirações? O novo salário lhe trará satisfação?
- Momento da empresa: será que seu descontentamento não se refere a uma questão pontual do atual empregador (salário, horas extras, impossibilidade de progressão)?
- Ambiente de trabalho: clima organizacional não é bobagem e, em geral, acaba sendo decisivo para a performance do trabalhador. Qual o nível de pressão que encontrará no novo emprego? E a competitividade? A remuneração depende de comissões? Tudo isso deve ser posto “à mesa” no momento de decidir.
2. Faça uma reserva financeira
Diante do que tratamos acima, era de se esperar que seria essa uma das recomendações mais importantes: uma mudança de emprego não deve começar na assinatura do termo de rescisão contratual, mas sim, pelo menos 12 meses antes.
Esse é o período no qual você deve organizar sua transição, o que passa por realização de cursos de aperfeiçoamento. Além de fortalecer o networking, participar de processos seletivos e, é claro, construir uma reserva de emergência. E ela deve ser suficiente para dar conta das despesas pessoais por, pelo menos, 6 meses).
3. Quite suas dívidas
Não faz sentido ficar fora do mercado enquanto tem empréstimos a vencer. Assim, todos os financiamentos devem ser eliminados antes da saída do atual emprego. Uma alternativa para acelerar esse processo de quitação é trocar dívidas caras por outra mais barata.
Um exemplo é contrair um crédito consignado (que tem juros em torno de 1,3% a.m.) para quitar um saldo em aberto no cartão de crédito (cujos juros ultrapassam facilmente os 12% a.m.).
Ah, e não se esqueça de eliminar gastos desnecessários, reeducando-se a um novo padrão de vida.
4. Transforme o sonho em metas (financeiras)
O que move seu coração? Ser médico, apesar de estar agora soterrado de duplicatas em um escritório transbordante de burocracia?
Deixar para trás a imprevisibilidade de sua rotina de personal trainer em nome de um investimento em sua — interrompida — carreira contábil?
Seu futuro é o que cabe nos seus sonhos. No entanto, além de vislumbrar, é preciso ter um método de alcance, com prazos, planos de esforços e metas definidas (inclusive financeiras).
Contudo, essa capacidade de planejamento e execução relaciona-se diretamente com a montagem de um orçamento organizado e com a separação de recursos para cursos e treinamentos.
5. Invista parte de seu capital acumulado
Não adianta juntar R$ 30 mil e deixá-lo na caderneta de poupança, que, atualmente, rende menos que 4% a.a. (descontando a inflação, o rendimento líquido beira o nulo).
Se você pensa em ficar fora do mercado por um tempo, precisa assegurar que seu dinheiro “trabalhará por você”. Ou seja, é preciso fazer investimentos (e a caderneta não entra nessa conta).
Você sabia que, em 2019, enquanto a poupança rendeu míseros 3,95%, alguns fundos de inflação chegaram perto de 18% de retorno?
Ou que, mesmo morando no Brasil, é possível investir em ações de empresas estrangeiras (como Nike, Amazon e Coca-Cola), sem sair do país, sem ter que abrir conta no exterior e sem necessidade de comprovar milhões de dólares na conta?
Existem fundos multimercados de investimento no exterior que renderam 22% em 2019. Fazer boas escolhas abre as portas para tranquilidade em seu processo de mudança de emprego.
6. Trace um “plano B”
Imagine que, no ano passado, seu alvo era juntar dinheiro, sair do emprego e passar 3 anos estudando integralmente para se tornar diplomata.
Supondo que você tivesse realmente pedido demissão, deparar-se com a atual conjuntura de crise fiscal e suspensão de concursos públicos seria um balde de água fria, não?
O que você faria ao perceber que apostou tudo para cair na estrada, mas acabou caindo em uma rua sem saída?
Tenha em seu planejamento um “plano B”, tanto no que tange ao seu sustento temporário (dar aulas particulares em caso de necessidade, fazer freelance como designer etc.) quanto ao alvo definido (aceitar áreas correlacionadas ao seu objetivo principal).
Como você viu, a primeira etapa para realizar uma mudança de emprego começa bem antes de efetivá-la. Não abra mão de organizar uma reserva financeira sólida e aplicá-la em investimentos melhores que a poupança.
Além disso, analise o que será necessário para realizar essa mudança, incluindo realização de cursos e de especializações, sem esquecer de traçar uma alternativa. Boa sorte nessa nova jornada!
E agora que já sabe o que deve guiar sua decisão de mudança de emprego, continue conosco, aprendendo tudo sobre metas financeiras. Veja a importância e defina as suas!