Seguro de vida empresarial vale a pena?
Em uma era de escassez de talentos, principalmente no Brasil, a retenção passou a ser ponto crucial no sucesso ou na estagnação de uma empresa.
Pensando nessa problemática, não são poucas as organizações que se debruçam sobre políticas de incentivos e melhoria da qualidade de vida dos funcionários, no intuito de ampliar a produtividade e reduzir as taxas de turnover. Essa nova mentalidade explica um pouco da explosão na procura pelo seguro de vida empresarial.
Mas o que uma empresa ganha contratando seguro de vida profissional? Afinal, qual é a diferença entre seguro de vida em grupo e individual? Esses seguros empresariais são apenas para as grandes corporações?
Você vai conferir, a partir de agora, essas e outras respostas sobre o tema: descubra, nas próximas linhas, por que o produto vida se tornou instrumento essencial de competitividade nas empresas e o que seu negócio pode estar perdendo por ignorar essa estratégia de motivação corporativa!
1. O que é o seguro de vida empresarial?
O crescimento exponencial na procura por seguro de vida indica uma drástica mudança de cultura do brasileiro, que, historicamente, preferia pagar mais de R$ 2 mil anuais para proteger seu carro, mas relutava em pagar menos de R$ 50 (dependendo do caso) para proteger sua vida (e a saúde financeira de sua família).
O amadurecimento nos níveis de educação financeira e o entendimento da necessidade de planejar o futuro, no entanto, vêm mudando esse cenário, refletindo-se nas estatísticas do mercado de seguros.
Em 2018, o produto vida alcançou crescimento de 10% em relação ao ano anterior. Em 2017, apenas entre janeiro e junho, a arrecadação do seguro de vida individual, por exemplo, saltou 26%, disparando em plena crise econômica.
O fato é que o seguro de vida passou a ser um desejo de muitos profissionais, sobretudo porque já se foi o tempo em que essa proteção garantia cobertura apenas contra morte e invalidez.
Atualmente, apólices já incluem pagamento do capital em caso de diagnóstico de doenças graves, cobertura de diárias em internação hospitalar, auxílio/assistência funeral e até reembolso de despesas com medicamentos. Não é pouca coisa.
Com todos esses atrativos, muitas organizações (inclusive as PMEs) utilizam o seguro de vida coletivo como ponto de atração no recrutamento de talentos, bem como na manutenção da equipe existente.
1.1. Como funciona o seguro de vida empresarial?
O seguro de vida empresarial é aquele contratado pela empresa, seja sindicato, seja associação, com o objetivo de assegurar proteção aos seus colaboradores ou associados (ou até mesmo aos seus familiares).
A cobertura básica se dá em caso de morte (natural ou por acidente) ou invalidez (por acidente ou enfermidade), mas há a possibilidade de combinar um conjunto ilimitado de proteções.
Nesse seguro, a empresa é quem tem a qualidade de estipulante, sendo a responsável pela negociação das cláusulas (prazos, carências, idade máxima, políticas de reajuste dos prêmios etc.), de forma que o colaborador é apenas incluído na apólice coletiva.
A grande vantagem desse seguro é seu preço mais atrativo em relação a um seguro vida individual, dado que a compra em escala e o conhecimento prévio do grupo a ser beneficiado com o produto permitem à empresa chegar a valores bastante interessantes.
Assim, como o custo de contratação é relativamente baixo à empresa, é possível proteger seus profissionais sem imenso esforço financeiro e, ao mesmo tempo, estimulá-los com um gesto de zelo e respeito que certamente vai dar tranquilidade familiar e ajudá-los a manter foco total na produtividade.
1.2. Qual a diferença entre seguro de vida em grupo e individual?
Muitas pessoas se perguntam qual a diferença entre seguro de vida coletivo e individual. De início, destaca-se que, diferentemente de um seguro de vida individual, o modelo em grupo não costuma permitir a negociação isolada com cada segurado.
Se, por um lado, há essa rigidez no ato de ingresso a uma apólice padronizada, por outro, os custos ao contratante (empresa) são nitidamente mais baixos. Além disso, uma quantidade maior de colaboradores permite que o empresário negocie coberturas mais atraentes. Ambos ganham com essa iniciativa.
O seguro de vida coletivo pode ser ofertado com 3 modalidades de custeio:
• custeio integral por parte da empresa;
• custeio misto (empregador e empregado);
• custeio integral por parte do funcionário (ingresso facultativo).
De forma geral, distintamente de um seguro individual, as garantias do seguro contratado cessam ao final do vínculo com o estipulante.
1.3. Qual a diferença entre seguro de vida e seguro de acidentes pessoais?
A diferença básica entre um seguro de acidentes pessoais e um seguro de vida é que o primeiro cobre apenas morte ou invalidez decorrentes de acidentes, enquanto o seguro vida é mais completo, abarcando morte ou invalidez de qualquer natureza (acidental ou por doença).
Como a diferença de valor não é exorbitante entre as duas modalidades, é muito mais interessante ao empregador proteger o empregado e seus familiares com uma apólice mais completa.
Abaixo, você confere algumas profissões que conseguiram impor a concessão de alguma modalidade de seguro de pessoas em suas convenções coletivas.
2. Seguro de vida empresarial é só para grandes empresas?
A apólice do seguro de vida pode se limitar à cobertura por morte, mas não necessariamente apresenta essa restrição. Amplitude de coberturas, capital segurado e condições específicas (como se será oferecido ou não o formato de seguro de vida resgatável) depende da disposição financeira da empresa e da negociação a ser feita com a seguradora.
Essa flexibilidade é, aliás, uma das razões pela qual o seguro de vida em grupo costuma não pesar no caixa da empresa, já que cada uma delas ajusta o valor total de acordo com suas possibilidades.
Com isso, muitas companhias de pequeno e médio porte passaram a incorporar esses benefícios junto aos seus funcionários.
Esse movimento de ascensão resultou em um dado interessante: em 2018, pela primeira vez, o seguro de vida ultrapassou o seguro auto em volume financeiro.
De acordo com dados da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg), a arrecadação com o seguro vida alcançou, no ano de 2018, cerca de R$34,5 bilhões, enquanto o seguro de carros chegou à marca de R$33,9 bilhões.
É importante destacar que muitas empresas usam o seguro em grupo para conseguir liquidez em caso de perda de um sócio ou executivo relevante. É mais uma perspectiva que mostra o infinito de possibilidades no uso do seguro de vida como estratégia empresarial.
3. Quais são as exigências para ter seguro de vida empresarial?
A condição básica para fazer parte do seguro é estar vinculado à empresa na qualidade de empregado, sócio ou executivo. Além disso, todos devem constar no e-Social ou nos documentos contábeis, como pró-labore e contrato social.
Em geral, as seguradoras fazem exigência com relação a um número mínimo de pessoas a serem seguradas (a partir de três vidas, já é possível encontrar oferta de proteções coletivas na Mongeral Aegon), bem como no que se refere à idade, que geralmente fica entre 14 e 65 anos. Algumas seguradoras, todavia, permitem entrada até os 70 anos, como é o caso da Mongeral Aegon.
Via de regra, não há análise individual das propostas. Mas, quando isso acontece, é aceita a adesão dos candidatos que estejam em boas condições de saúde, em plena atividade profissional e dentro do limite de idade estipulado.
Qualquer lesão ou doença preexistente deve ser comunicada à empresa de seguros, sob pena de haver recusa de pagamento do capital em caso de sinistro.
As seguradoras contam com planos específicos para cada porte de empresa e na medida do risco de cada atividade. Há no mercado, por exemplo, seguros especialmente formatados para pequenas e médias empresas (PME).
O enquadramento da organização costuma observar os critérios do Sebrae do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na seguinte disposição:
Microempresa |
Pequena empresa |
Média empresa |
Grande empresa |
|
Indústria/Construção |
até 19 |
20 a 99 |
100 a 499 |
500 ou mais |
Comércio/Serviço |
até 9 |
10 a 49 |
50 a 99 |
100 ou mais |
Para fazer um seguro de vida coletivo, basta que a empresa entre em contato com uma seguradora de solidez no mercado, no intuito de informar as particularidades de sua organização (como segmento de atuação, quantidade de funcionários, idade de cada colaborador, entre outras variáveis), a fim de encontrar um seguro mais adequado à sua realidade.
Serão apresentados então diversos formatos de seguros, com grande diversidade de valores e proteções. Após a escolha do melhor modelo à empresa, basta comunicar a opção à seguradora ou corretor indicado, que remeterá posteriormente a proposta de adesão para ser preenchida e analisada pela área de risco da empresa.
Apesar dessa sucessão de etapas sugerir burocracia, todo o processo é dinâmico, transparente e muito rápido.
4. Quais são as 8 principais coberturas do seguro de vida empresarial?
As coberturas do seguro de vida variam de acordo com a apólice negociada pela empresa. Entretanto, as proteções mais comuns são:
• morte — natural ou por acidente;
• invalidez permanente — total ou parcial por acidente;
• invalidez funcional ou laboral permanente total por enfermidade;
• despesas médicas, hospitalares e odontológicas;
• diárias de incapacidade temporária;
• diárias por internação em instituições hospitalares;
• doenças graves;
• verba rescisória por morte;
• assistência ou auxílio funeral.
Em alguns casos, a apólice pode ainda conter proteções como cesta básica (em caso de desemprego) ou seguro prestamista (para pagamento de dívidas remanescentes).
Antes de negociar com a seguradora, é interessante fazer uma pesquisa interna para descobrir as verdadeiras necessidades de seus colaboradores.
5. Quais as principais vantagens do seguro de vida empresarial?
O seguro de vida em grupo tem algumas vantagens de um seguro de vida individual e ainda outras exclusivas.
Dentre os benefícios mais gerais, vale a pena destacar o fato de que o seguro de vida não é considerado herança, ou seja, não entra no inventário.
O seguro é, portanto, uma forma mais rápida de fazer a sucessão familiar, além de não estar sujeito ao Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD).
O seguro de vida também é um dos poucos instrumentos de proteção financeira que se mantém protegido da incidência de imposto de renda.
Como já informado, esse seguro pode ser configurado de acordo com o interesse da empresa. Ou seja, pode ir desde uma única proteção (contra morte ou invalidez), até modelos mais completos, que garantem até pagamento de dívidas ou da escola dos filhos. Algumas das principais vantagens desse produto seguem abaixo.
5.1. Isenção fiscal
A empresa que declara pelo lucro real e adquire um seguro de vida ou de acidentes pessoais para seus colaboradores pode deduzir os pagamentos efetuados, colocando-os como despesas operacionais.
Como esse aumento de despesas diminui o lucro declarado, o imposto de renda pago será menor — tudo isso dentro da lei.
Ao funcionário, há também a vantagem tributária, dado que o seguro de vida empresarial ou individual é isento de imposto de renda.
5.2. Inclusão de todos os funcionários
Incluir todos os funcionários na apólice é uma forma de mostrar a preocupação da empresa para com seu capital intelectual — seu maior ativo na busca do domínio do mercado.
5.3. Produtividade
Uma pesquisa recente feita pela Universidade de Warwick (Reino Unido) mostrou que profissionais felizes são 12% mais produtivos. Já outro estudo, dessa vez da Universidade da Califórnia (Estados Unidos), revelou que empregados satisfeitos vendem 37% mais e são 3 vezes mais criativos.
Proteger seu time e os familiares é uma maneira relevante de dizer o quanto você se importa com eles — o que, evidentemente, vai se refletir positivamente no clima organizacional e, em última análise, na produtividade da empresa.
5.4. Redução da rotatividade
Segundo a Harvard Business Review, 80% do turnover nas empresas se devem à contratação errada. Entre salários, benefícios e tributos, o custo médio de uma demissão antes do fim do contrato de experiência é R$ 12 mil.
Imagine então o custo total de sucessivas contratações e desligamentos ao longo de um período?
Colocando na ponta do lápis o custo de provimentos e demissões sucessivas e comparando-o com o investimento em retenção de funcionários, tenha a certeza de que este último sai bem mais barato.
A experiência positiva das empresas que adotaram uma política sólida de incentivos (a exemplo de bonificação por metas, vouchers de viagens às equipes mais eficientes e concessão de seguro de vida empresarial) mostra que premiar os profissionais ajuda a reduzir o turnover e atrair os melhores talentos do mercado.
5.5. Custo-benefício
Vale a pena solicitar uma cotação de seguro de vida coletivo aos seus empregados e, após a implementação de uma política de incentivos (que englobe esse produto), comparar índices como vendas, lucro líquido e rotatividade (antes e depois).
5.6. Adiantamento do prêmio em vida
Existem seguros na modalidade resgatável. Há também formatos que preveem adiantamento do prêmio pago em caso de diagnóstico de doenças crônicas ou terminais. Todas essas nuances devem ser verificadas pela empresa no ato da negociação.
6. Seguro de vida empresarial é obrigatório?
Não há, atualmente, legislação que imponha ao empregador a obrigação de oferecer um seguro de vida aos empregados.
Chegou a tramitar no Congresso Nacional um projeto de lei (PL nº 3007/2011) que visava obrigar todas as pessoas jurídicas a procederem à contratação desse seguro aos seus funcionários com, pelo menos, cobertura em caso de morte. Contudo, ele foi arquivado.
Além disso, é preciso lembrar que, se a legislação ordinária nada diz ainda sobre obrigatoriedade de concessão de seguro de vida empresarial, o mesmo não pode ser dito em relação a algumas convenções coletivas.
É que alguns sindicatos mais organizados conseguiram tornar obrigatório o seguro de acidentes pessoais ou seguro de vida. Esse é o caso de trabalhadores de áreas como construção civil, hotelaria, educação, comércio e algumas indústrias.
6.1 Profissões em que o seguro de vida é obrigatório
ENGENHARIA CIVIL
O dia a dia do canteiro de obras expõe o trabalhador da construção civil aos mais diversos riscos, de quedas a queimaduras. Segundo dados da Previdência Social, são mais de 97 mil acidentes por ano nesse segmento, o que justifica essa especificação no dissídio coletivo da categoria;
TRABALHADORES DE LIMPEZA E COLETA DE LIXO
Os resíduos humanos atraem uma diversidade imensa de roedores, moscas e baratas, de forma que seu contato permanente aumenta inegavelmente os riscos de doenças como febre tifoide, leptospirose, enfermidades pulmonares, conjuntivites, para citar apenas algumas. O risco de doenças impõe a necessidade de proteção plena aos funcionários da área.
MOTORISTAS
Os acidentes de trânsito são as fatalidades a que os motoristas estão mais suscetíveis em sua rotina diária. Mas a direção por longas horas por dia traz também riscos de muitas doenças, como as ortopédicas ou as de cunho psicológico. Isso sem falar no alto índice de assaltos (podendo ser seguido de morte) que costumeiramente ocorrem nas estradas nacionais.
7. Quais as principais recomendações às empresas que estão em busca de um seguro de vida empresarial?
Conforme já citado ao longo deste artigo, os administradores têm a responsabilidade de criar recursos que ofereçam aos funcionários bem-estar no ambiente de trabalho (e, se possível, fora dele), bem como instrumentos de ignição motivacional que provoquem a busca pelo máximo desempenho e aprimoramento contínuo.
Para atingir as metas empresariais cada vez mais audaciosas, não basta ter bons líderes ou tecnologia transbordante. Será o capital humano que vai transformar recursos em inovação, em oportunidades de crescimento e vantagens competitivas que encantem seu cliente e aumentem seu faturamento.
A questão central é que as pessoas são movidas a incentivos. A performance de seus profissionais está em um espectro flutuante, cuja movimentação para cima ou para baixo se dará proporcionalmente ao nível de expectativas de recompensas. Quem ignora essa psicologia, invariavelmente, amarga insucessos na gestão.
Quando o empregado percebe que a empresa o valoriza, a elevação na produtividade é consequência trivial. Demonstrações de apreço à saúde e à qualidade de vida de seus funcionários (e, mais ainda, aos seus familiares) sinalizam que o projeto da organização é também, de certa forma, seu próprio projeto. O colaborador deixa de se sentir uma peça em uma máquina industrial para sentir-se efetivamente parte da missão da empresa.
O seguro de vida empresarial entra como um item poderoso nesse sistema de recompensas. Dessa forma, é altamente recomendável que as indenizações não tenham o mesmo valor para todos.
O capital segurado deve ser proporcional aos salários, cargos e responsabilidades assumidas.
Com base na ideia de incentivos, você pode criar um escalonamento de capital segurado, a ser percorrido conforme o empregado é promovido na empresa. Essa estratégia motivará sua equipe a sempre buscar ascensão na carreira.
Hoje você viu que, no mundo dos negócios, muitas vezes, uma pequena diferença faz toda a diferença.
O seguro de vida empresarial dá retorno em produtividade, saúde e bem-estar de quem vai efetivamente trazer lucro para sua organização. Com a evolução dos planos de seguro de vida em grupo, é possível proteger empregados e familiares até mesmo das PMEs.
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