Como montar uma carteira de ações? Confira 10 dicas infalíveis
Como montar uma carteira de ações? O primeiro passo é ter coragem. Se você está lendo este post, já ultrapassou essa primeira barreira. As outras, você vai descobrir nas próximas linhas. O economista escocês Adam Smith (1723-1790), pai do liberalismo econômico, dizia sabiamente que:
a ambição universal dos homens é viver colhendo o que nunca plantaram.
Faz todo o sentido. Quem quer ter resultados que poucos têm, precisa primeiramente ter a audácia de fazer o que nem todos fazem. Trazendo para nossa vida atual, quem insiste em jogar seu dinheiro no marasmo da poupança (que costuma render menos do que a inflação) tem poucas chances de conquistar independência financeira.
Aos demais, existem muitas opções em renda fixa e variável com ótimas possibilidades de ganhos. Para se ter uma ideia, enquanto a poupança registrou desempenho de 7,57%/ano em 2016, alguns fundos de ações tiveram rendimento de 23,78%.
Seguindo a lei máxima do mercado, em que há risco, há também chance de lucro. A questão é que o risco pode ser gerenciado, desde que você siga a estratégia correta.
Se você é jovem, audacioso e ambicioso, vamos ajudar com algumas dicas fundamentais sobre como montar uma carteira de ações vencedora!
Como montar uma carteira de ações, afinal?
Primeiro, você precisa conhecer o seu perfil de investidor.
Como investir em ações? Antes demais nada, é preciso diagnosticar seu perfil de investidor — que não vale apenas para a renda variável, mas para qualquer aplicação no mercado financeiro. Ele vai nortear todas as estratégias montadas.
Há variáveis que ajudam a posicioná-lo na linha contínua entre o conservador e o arrojado. Alguns fatores sugerem a possibilidade de se direcionar para investimentos de maior risco, caso esteja em busca de um grande retorno. Veja alguns deles:
• pouca idade;
• bons conhecimentos no mercado de capitais;
• estabilidade profissional;
• ausência de dependentes;
• alto nível de renda;
• boa capacidade de economizar.
Se você já avançou essa etapa e está decidido a entrar no mundo da Bolsa, é hora de entender alguns “mandamentos” inescapáveis do mercado de capitais.
1. A carteira deve ser montada após a definição do prazo pretendido para o investimento
Antes de sair ao mercado, você precisa definir qual o tempo que pretende ficar com os papéis. Afinal, não adianta montar uma carteira de ações que mostre um bom potencial no longo prazo, se vai ter que se desfazer de suas posições (vender suas ações) dentro de 3 meses.
2. Jamais aplique todos os seus recursos em um único ativo
A diversificação é recomendada pela maior parte dos especialistas do mercado de capitais. A razão é que ela dilui os riscos dos ativos e melhora a rentabilidade média de sua carteira.
Ao diversificar, seu portfólio vai flutuar menos em função do mau desempenho de algumas aplicações, uma vez que esses resultados negativos serão compensados por outros positivos.
Na hora de pensar em como montar uma carteira, considere seriamente a possibilidade de ter pelo menos 5 modalidades, de setores diferentes e de virtudes distintas.
Por exemplo, tenha um percentual de seu capital em ações defensivas (que explicaremos melhor adiante), outro em ações que pagam bons dividendos e mais uma fração em papéis com bom potencial de valorização.
3. Diversifique o setor
Diversificar dentro do mesmo setor não é bem diversificar, dado que você está variando a empresa, mas não o segmento. Caso o setor entre em crise, você será punido por essa “negligência”.
Dessa forma, compre ações do setor elétrico, petrolíferas, setor de serviços, infraestrutura, bancos etc. Tudo muito bem diluído em sua carteira de investimentos.
4. Mantenha uma carteira com um percentual de ações “defensivas”
Ações defensivas são aquelas com histórico de baixa volatilidade, mesmo em momentos de crise. É o caso de ações do setor elétrico ou de saneamento.
Independentemente da existência ou não de uma recessão, as pessoas vão continuar consumindo energia elétrica, correto? Portanto, esse segmento não costuma sofrer muito com as flutuações do mercado.
Também busque por empresas que pagam bons dividendos (divisão de lucro aos acionistas).
5. Fuja dos “micos”
Como montar uma carteira de ações de sucesso? Comece tendo cautela com os chamados “micos” da Bolsa de Valores. Um mico é uma ação de uma empresa falida ou em recuperação judicial. Em geral, esses papéis custam menos de R$ 1, têm altíssimo risco e baixa liquidez (poucas transações diárias).
Lembra-se da promissora OGX, de Eike Batista? Eis um exemplo de mico. Muita gente perdeu todo o seu patrimônio por apostar no ativo de uma empresa com fundamentos duvidosos e resultados pouco concretos.
Daí a importância de estudar atentamente os fundamentos da empresa — balanços patrimoniais, Demonstrativos de Resultados do Exercício (DRE) etc.
6. Cuidado com as “bolhas”
Em 2011, as ações da Mundial (empresa fabricante de alicates, produtos de beleza e válvulas hidráulicas) tiveram uma inexplicável valorização de impressionantes 140%. De R$ 0,23, cada papel passou a ser vendido acima de R$ 7,00 em 4 meses. E ninguém sabia dizer ao certo a razão.
A subida aparentemente “eterna” atraiu um universo de pequenos investidores, colocando os papéis da Mundial entre os 5 mais negociados da Bolsa no ano (superando a Petrobras, por exemplo).
Igual a todo fenômeno como esse, a “Bolha do Alicate” foi gerada com base na manipulação dos preços e informações privilegiadas. Quando os grandes investidores que manipulavam o preço da ação retiraram seus recursos (simultaneamente), o valor da ação despencou e muita gente perdeu bastante dinheiro. Não existe “almoço grátis”, em especial no mercado de capitais.
Coloque seu dinheiro em ações de empresas sólidas, com fundamentos robustos e após estudar se o preço desses ativos está alinhado com o mercado.
7. “Blue chips” devem compor o centro de sua carteira
Esse item existe exatamente para evitar problemas como os apontados acima. O caminho para montar a melhor carteira de ações passa por ter empresas líderes de mercado (blue chips) no seu portfólio.
Blue chips são ações de empresas consolidadas no mercado, com boa cotação e alto volume diário de negociação. São ativos lançados por companhias de grande credibilidade e com fundamentos contábeis e financeiros sólidos há muitos anos.
Resumo das características desse tipo de ativo:
• cotação média elevada em relação a outras ações de mesmo segmento;
• alto volume diário de negociação;
• excelente valor de mercado;
• referência em governança corporativa;
• crescimento regular;
• intensa geração de caixa;
• transparência aos acionistas;
• boa distribuição de dividendos, juros sobre capital próprio etc.
Para fins didáticos, algumas blue chips mais conhecidas no Brasil são: Petrobras, Vale, Ambev, Banco do Brasil, Gerdau, Bradesco e Itaú. Já no mercado acionário norte-americano, você encontrará nomes como Coca-Cola, Johnson & Johnson, Ford, IBM, Harley-Davidson, entre outras.
O fato de ter um peso elevado no Ibovespa (índice Bovespa) faz com que uma correção na cotação dos ativos dessas empresas acabe impactando drasticamente o desempenho do IBOV. Isso significa que a performance dessas ações diz muito sobre o mercado nacional.
Essas empresas são tradicionalmente boas distribuidoras de lucro (dividendos ou juros sobre capital próprio), e têm desempenho sólido ao longo dos anos. Por isso, não podem ficar de fora da carteira de quem pensa em uma estratégia de ganhos de longo prazo.
8. Não abra mão de metodologias como análise técnica e análise fundamentalista para compreender as tendências de mercado
A análise técnica é baseada no estudo das flutuações do preço das ações, no intuito de indicar seus possíveis movimentos futuros. E a análise fundamentalista é baseada nos dados financeiros das empresas.
São duas metodologias complementares e essenciais para o alcance da independência financeira por meio do sucesso na Bolsa. Não é possível montar uma carteira vencedora sem conhecer (e usar) ao menos uma dessas duas abordagens. Preferencialmente, você deve utilizar ambas.
A análise gráfica, também chamada de “técnica”, parte da premissa de que existe uma inevitável repetição de padrões nos movimentos gráficos dos preços ao longo do tempo. Isso permite que os estudiosos visualizem antecipadamente ascendências ou quedas dentro de determinado período.
Esse estudo tem como matérias-primas a série histórica do preço dos ativos e seu volume de negociação. É mais indicado para quem tem interesse em montar uma carteira de ações com olhos no curto/curtíssimo prazo (como no chamado day trade, que envolve compra e venda de ações dentro do mesmo pregão).
Já a análise fundamentalista examina alternativas de investimento a partir da realização de um diagnóstico completo das informações contábeis e financeiras divulgadas periodicamente pelas empresas (por determinação da Comissão de Valores Mobiliários – CVM).
Aqui, indicadores de rentabilidade, margem operacional, margem líquida, retorno sobre o patrimônio, índice de endividamento e referenciais de liquidez são cautelosamente avaliados pelo investidor, no intuito de descobrir se a cotação das ações está sub ou superestimada. É mais utilizada para quem trabalha com olhos no longo prazo.
Caso queira obter outras informações de como fazer uma boa análise fundamentalista na criação de sua carteira de ações, após a leitura deste artigo dê uma olhada neste estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) sobre o tema.
9. Aprenda contabilidade
Como vimos, quem investe em ações precisa entender de balanço patrimonial, bem como de demonstrativos de resultados.
Se você tem dificuldades para entender a relação “patrimônio/endividamento”, “preço/lucro” e “valor da empresa/ EBITDA”, será difícil obter lucros crescentes investindo em ações.
Antes de fazer sua primeira compra, estude bem contabilidade, além de sua relação com fatores macroeconômicos (como juros, inflação e variação do dólar).
10. Cuidado com os “gurus” do mercado
O universo da Bolsa é repleto de “detentores dos segredos do mercado”. Eles supostamente enriqueceram com suas técnicas exclusivas, e agora cobram para ensinar a você o caminho do sucesso.
Mesmo com alto conhecimento em análise técnica e fundamentalista, é impossível ter certeza da direção de um ativo. Da mesma forma, sem conhecer a fundo seu perfil de investidor, seria irresponsável cravar quais são exatamente as ações que você deve ter em sua carteira.
Muito cuidado com os gurus, traders que trazem respostas definitivas para uma ciência complexa que nem Nobel de Economia conseguiu trazer. Análise gráfica/fundamentalista não é cartomancia.
11. Fique atento ao efeito manada
Entender o melhor momento para entrar no mercado é essencial para ser bem-sucedido. Se um ativo já está em tendência de alta há muitos dias (e com volume de negociação cada vez mais intenso), seu risco de entrar nesse ponto é altíssimo.
Ao contrário do que muitos pensam, é em meio ao caos que surgem as melhores oportunidades (de comprar bons papéis que estejam subvalorizados).
É necessário ter cautela para não deixar ser tomado pela empolgação e se entregar ao chamado “efeito manada” (quando todos reagem da mesma forma, sem raciocínio crítico sobre a direção seguida).
12. Verifique as taxas cobradas pelas corretoras
A primeira taxa que você deve ficar atento é a taxa de custódia. Ela é cobrada mensalmente pelas corretoras para cobrir seus custos junto à B3 (novo nome da BM&FBovespa). Mas fica a critério da empresa repassar ou não essa despesa ao investidor. Muitas isentam os clientes que possuem determinado volume de capital aplicado.
Além da taxa de custódia, há também os emolumentos, pequenas taxas fixas definidas pela B3 por transação, de acordo com tipo de negócio (day trade ou operação normal) e modelo de investidor (pessoa física, clubes de investimento etc.).
Por fim, o investimento em ações está suscetível à cobrança da taxa de corretagem. Assim como os emolumentos, essa taxa também é cobrada em cada operação (seja na compra ou na venda) e seu valor depende da natureza da operação (day trade ou normal).
Uma das diferenças é que essa taxa é devida à própria corretora. Incide como um valor fixo ou por meio de um percentual sobre o valor da transação.
É preciso estar de olhos abertos a essas cobranças, dado que, acumuladas, podem inviabilizar o lucro de sua carteira de ações (a depender do volume mensal negociado).
13. Utilize sempre indicadores para avaliar se o preço da ação está adequado
Como saber se uma ação está barata ou cara (evitando ilusões como no caso da Mundial)? Existem alguns cálculos, que devem ser feitos em conjunto, e que podem ajudar a visualizar o preço ideal das ações. P/L (razão entre preço e lucro) e P/VP (razão entre preço e valor patrimonial) são duas dessas fórmulas.
14. Resgate balanceado: sempre!
Caso queira fazer um resgate dos valores investidos, é importante lembrar que os ativos devem ser vendidos de modo a preservar a proporcionalidade de cada uma no peso de sua carteira de ações. Não observar isso vai desajustar sua estratégia inicialmente montada.
Quanto às escolhas, vale lembrar que uma carteira de ações conservadora deve ser formada, em sua maior parte, por ações defensivas — como as das concessionárias de água e empresas do setor elétrico. É bom investir também em empresas já consolidadas e que, portanto, apresentam menor variação de preços e alta liquidez.
Um portfólio moderado pode misturar esse tipo de ativo com as chamadas “small caps” (empresas médias, com valor de mercado inferior ao das blue chips, mas com alto potencial de valorização). Seria o caso das empresas de varejo listadas na Bolsa. O foco pode sair do longo prazo para o médio prazo.
Por fim, quem tem perfil arrojado, conhece bem análise técnica e fundamentalista e tem grande experiência no mercado pode mesclar as duas opções anteriores com manejos de maior risco.
Um exemplo seria o investimento em mini-índices ou operações “a descoberto” (aposta em viés de baixa, com a lógica inversa de primeiramente vender um ativo por preço mais alto no início do pregão para, só então, comprá-lo depois por um valor menor). Quem tem esse perfil já pode pensar em investimento de caráter especulativo (como day trade).
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