Ver uma criança rejeitando a comida pode gerar frustração e medo, principalmente quando os pais preparam a refeição com tanto carinho. Assim, a hora da comida, que deveria ser um momento de conexão, acaba se tornando uma fonte de estresse.
Aprender o que fazer quando a criança não quer comer vai além de buscar táticas; é preciso entender por que o seu filho está assim. Este artigo reúne as causas mais comuns e traz orientações práticas para que o momento das refeições volte a ser leve e positivo para toda a família.
O que pode ser quando a criança não quer comer?
A criança pode ficar sem vontade de comer por vários motivos. É importante prestar atenção aos sinais para entender se é apenas algo passageiro e típico da idade, ou se é o indício de alguma questão de saúde mais séria.
Caso observe que a criança apresenta um comportamento incomum, o melhor é levá-la a um pediatra para receber um diagnóstico mais preciso.
1. Seletividade alimentar
Crianças com seletividade alimentar tendem a rejeitar alimentos por textura, cor, cheiro ou até aparência no prato. Elas preferem comer sempre as mesmas comidas, que consideram mais “seguras” ou conhecidas, como arroz, pão ou macarrão.
Essa seletividade, comum entre crianças de dois a seis anos, costuma ser uma fase natural do desenvolvimento infantil e passa com o tempo. Crie uma rotina de alimentação tranquila, sem forçar a criança a comer, e marque uma consulta com um nutricionista ou terapeuta se isso se prolongar.
2. Hipersensibilidade oral
A hipersensibilidade oral é uma condição que deixa a região da boca, língua ou garganta extremamente sensível a estímulos. Isso faz com que certos alimentos causem desconforto ou até repulsa, mesmo que o sabor não seja o problema.
O acompanhamento com fonoaudiólogo ou terapeuta ocupacional é fundamental para desenvolver estratégias de dessensibilização e ajudar a criança a explorar novas sensações orais de forma gradual e segura.
3. Problemas de saúde
Quando uma criança que comia bem começa a recusar alimentos de forma persistente, é preciso considerar a possibilidade de um problema de saúde. Condições como refluxo gastroesofágico, infecções, dores de garganta e até mesmo prisão de ventre podem tornar a alimentação desconfortável e fazer a criança parar de comer.
Levar a criança ao pediatra é o primeiro passo para investigar e tratar a causa. Quando o problema de saúde for resolvido, a tendência é que o apetite da criança volte ao normal.
4. Distúrbios emocionais
O emocional da criança também pode impactar diretamente o apetite. Mudanças na rotina, como o nascimento de um irmão, separação dos pais, entrada na escola ou até brigas familiares, podem causar ansiedade ou insegurança.
Como ainda estão aprendendo a expressar sentimentos, muitas crianças manifestam essas emoções no comportamento alimentar. A escuta ativa dos pais e (quando necessário) o acompanhamento psicólogo ajudam a identificar e tratar esses fatores emocionais que estão atrapalhando a alimentação da criança.
5. Introdução alimentar inadequada
Uma introdução alimentar feita de maneira rígida, apressada ou com pouca variedade pode gerar rejeições que perduram além do primeiro ano de vida. Quando a criança não tem liberdade para explorar os alimentos, ela pode desenvolver resistência, medo ou desinteresse pelas refeições.
Se a fase da introdução alimentar do seu filho já passou, ainda é possível retomar uma abordagem respeitosa para incentivar a curiosidade alimentar.
6. Nascimento de dentes
Durante a fase de dentição, é totalmente normal que a criança não queira comer. Isso porque ela sente desde dor e coceira até inchaço na boca por conta dos dentes que estão rompendo a gengiva, de forma que todos esses fatores podem dificultar bastante a mastigação e até a deglutição.
Para aliviar esse desconforto, você pode oferecer alimentos mais macios, frios e fáceis de mastigar, como purês, frutas amassadas e papinhas.
7. Alergias
Algumas alergias alimentares podem causar desconforto gastrointestinal, coceiras e irritações ao comer certos alimentos. Mesmo que os sintomas não sejam graves, a criança pode associar a comida ao mal-estar e, por isso, não quer mais saber de comer.
Se houver suspeita de alergia, é importante procurar um pediatra ou alergista para receber o diagnóstico e já começar com o tratamento.
O que fazer quando a criança não quer comer?
Se o seu filho se recusa a comer às vezes, mas não apresenta nenhum sinal de problema de saúde, vale a pena testar algumas táticas para fazê-lo dar uma chance às refeições. Confira, a seguir, cinco dicas de o que fazer quando a criança não quer comer!
1. Impeça o uso de telas durante a refeição
Celulares, tablets e TVs podem atrapalhar o seu filho na hora da refeição. Ao competir com estímulos visuais e sonoros muito mais envolventes do que a comida, esses aparelhos podem fazer com que a criança coma distraída ou até perca totalmente o interesse pela comida.
Crie um ambiente tranquilo e livre de distrações na hora de comer, para que a criança preste mais atenção na comida e desenvolva o hábito da alimentação consciente desde cedo.
2. Não puna a criança por não comer
Transformar a hora da refeição em um momento de cobrança ou conflito pode gerar ainda mais resistência por parte da criança. Quando ela se sente pressionada ou ameaçada, associa o momento de comer a uma experiência negativa, o que pode piorar o problema e afetar a relação dela com a comida a longo prazo.
Se a criança não quiser comer, é melhor manter a tranquilidade, retirar o prato após um tempo e oferecer a próxima refeição no horário habitual.
3. Não troque a refeição por algum lanche
Oferecer um lanche no lugar do almoço ou jantar quando a criança não quer comer pode criar o efeito contrário. Ela entende, então, que receberá algo gostoso caso se recuse a comer o que está no prato.
Isso abre margem para manipulações por parte da criança, além de dificultar a criação de uma rotina alimentar saudável. Se a criança não quiser comer, o melhor caminho é respeitar sua saciedade e aguardar até que ela sinta fome novamente. Aí ofereça a mesma refeição anterior, sem trocas.
4. Varie os pratos preparados em casa
Servir sempre os mesmos pratos pode fazer a criança se enjoar daquela comida e rejeitar a refeição. A variedade alimentar é importante tanto para garantir o consumo de diferentes nutrientes quanto para despertar a curiosidade e o prazer de experimentar novos sabores.
Você também pode envolver a criança no preparo das refeições, como deixá-la ajudar a montar o prato, escolher um legume ou fruta na feira ou até sugerir uma receita. Isso estimula o interesse pela comida e fortalece a autonomia infantil.
5. Oferecer a comida da criança no mesmo horário da refeição da família
A presença da família durante as refeições ajuda a criança a desenvolver hábitos alimentares saudáveis. Quando os adultos se sentam à mesa e comem os mesmos alimentos, dão o exemplo para o filho.
Se possível, reserve ao menos uma refeição do dia para estar junto da criança, com calma e atenção. Isso faz com que ela associe a comida a um momento agradável e passe a comer normalmente.
Agora você sabe o que fazer quando a criança não quer comer
Quando a criança não quer comer, é preciso ter paciência e sensibilidade. Caso suspeite que esse comportamento pode ser algo sério, busque a orientação de profissionais como pediatras, nutricionistas ou terapeutas.
Além das refeições em casa, vale lembrar que é importante verificar como é a alimentação do seu filho na escola. Continue aqui no blog para conferir mais dicas de nutrição para crianças!
